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A memória humana é um de nossos bens mais preciosos, além de ter duplo significado. Poder recordar momentos felizes e pessoas amadas são sem dúvida uma dádiva imensurável, assim como um grande prazer!
Contudo, ficar na memória de alguém, mesmo que já não esteja mais vivo para contar a história, talvez seja ainda mais valioso.
A pessoa na qual nos transformamos, tem relação intrínseca com as referências que tivemos e com as experiências que vivemos.
É aquela velha história de que ninguém passa pela vida da gente sem deixar um pouco do que é, ou sem levar um pouco do que somos. Talvez por isso, no final de tudo, as lembranças sejam tão preciosas para todos.
Uma boa definição sobre o que é memória, diz que ela é aquela capacidade que o ser-humano tem de armazenar e entender o conhecimento vivenciado.
Ativar esse enigmático poder da mente, está extremamente ligado a maneira como nos sentimos em relação às coisas e as pessoas. Sendo assim, tem tudo a ver com as emoções, em especial com a afetividade.
Cores, aromas, sabores, imagens, enfim, todas essas percepções são caminhos que conduzem a lembranças inesquecíveis.
Quem nunca teve a sensação de como em um passe de mágica ser transportado para um tempo vivido e até mesmo imaginado, simplesmente pelo fato de tomar contato com algo que remeta ao passado?
A conhecida memória afetiva tanto pode ser nossa como também de nossos antepassados, considerando que muitas de nossas cargas emocionais foram herdadas deles.
Sorte de quem consegue fazer essa conexão através de um objeto palpável, como um artigo de decoração ou um móvel antigo, por exemplo. Não é à toa que muita gente faz questão de guardar e preservar esses verdadeiros passaportes para o passado.
Muito mais do que cumprir suas funções – e alguns nem funcionam mais – esses itens carregam histórias, mantendo vivo laços afetivos muito importantes.
E se você tem alguma dúvida sobre o quanto essas memórias são essenciais, saiba que segundo a ciência, em quadros demenciais onde há uma perda progressiva da memória, a afetiva é a última a ser “desligada”, ou seja, é mais fácil esquecer quem inventou o avião do que de um objeto que tenha algum significado especial.
É triste, porém, muito bonito! É como se Deus fizesse questão de manter até o último momento, a consciência sobre a importância das relações humanas e o quanto elas fazem parte da essência de cada um.
Em suma, preservar algo que mantenha viva uma recordação é uma bela maneira de se conectar com o passado. Por isso, para a Eclética da Revista Casa, escolhemos abordar esse tema. Objetos e móveis preservados por amor que resistiram ao tempo e fazem parte da vida de nossos personagens. Apesar de alguns serem mais que centenários, eles atravessaram gerações. É muito bonito de ver. Confira!
Fabiana Bertollo
” Essa máquina de costura minha mãe Genny de Camargo Bertollo (in memorian) comprou assim que casou, em 1952. Me lembro dela costurando nossas roupas nessa máquina. Até hoje ela está no quarto onde minha mãe costumava costurar, então a lembrança é diária e a imagem continua viva na minha memória. Meus irmãos até já quiseram levar embora, mas faço questão de manter aqui (risos). ” – Fabiana Bertollo
Eliana Zaidan Brasil
“Esse autêntico cristal da Bohemia azul cobalto, lapidado à mão, foi um presente de casamento que meus pais Neide e Luiz Zaidan (in memorian) ganharam em 1951. Para mim é uma memória vida do legado deles, sintetizados no amor inquebrantável de seus corações que nós, os filhos, nos comprometemos a preservar em nossos lares.” – Eliana Zaidan Brasil
José Vergílio Zanetti e Maria Valdete Dominici Zanetti
“Esse jogo de porcelana de café tem 75 anos. Os tios Cecília Zanetti e Domingos Portela ganharam de presente de casamento. Quando nos casamos, eles nos presentearam e pediram para que cuidássemos com todo carinho do jeito que eles sempre cuidaram. Temos muito carinho e não deixamos ninguém mexer…” – Maria Valdete Dominici Zanetti e José Vergílio Zanetti
Katia Dainese
“Essa penteadeira foi do jogo de quarto da minha avó materna. Ela tem com certeza mais de cem anos, pois, antes de ser da minha avó, ela pertenceu à família do doutor Castro Alves. Tem um grande valor para mim, não só porque minha avó foi uma mulher muito trabalhadora e à frente do seu tempo, como também pelo doutor Castro, que pelo que dizem, foi uma ótima pessoa e um médico excelente.” – Katia Dainese
Maria de Lourdes e Deny Paternostro
” Quando minha avó Aurora (1900-2005) estava grávida de minha mãe (1933), ela foi a um parque de diversões, onde encontrou essa gruta de Nossa Senhora de Lourdes. Era o prêmio do sorteio em uma barraca. Como amou a imagem, ela prometeu que caso ela ganhasse e o bebê fosse uma menina, ela colocaria o nome de Lourdes. Minha mãe, hoje com 87 anos, chama Maria de Lourdes. Quando mudei para Americana ela me presentou com a santa e tenho muito carinho por ela.” – Deny Paternostro
Cristiane Leekning
“Tenho muitas peças antigas em casa. Desde lembranças do noivado da minha avó, do enxoval da minha mãe, além de uma coleção de xícaras que pertenceu a minha bisavó Rosa e, depois passou de geração em geração até chegar a mim. Esse paliteiro era dela e, é datado de 1753. Para mim, guardar esses e outros objetos em casa é preservar a história da minha família, além de ser uma recordação que sobrevive ao tempo. ” – Cristiane Leekning
Nair Gregolin Kokol
“Ganhei essa bomboniere quando me casei com o descendente de alemães, Hellen Kokol (in memorian), em primeiro de outubro de 1955. Foi um presente de casamento ofertado pela minha saudosa avó materna, Rosária Valencise. Até hoje, ela fica na estante com bombons e toda família tem muito carinho pela peça, que é uma relíquia e faz lembrar pessoas próximas que já não estão entre nós. ” – Nair Gregolin Kokol
Cristina Lahr
“Esse magnífico jogo de xícaras casca de ovo, composto por 10 peças, é com certeza centenário! Ele pertenceu a minha nona materna, Christina Gallo (in memorian). Depois foi de uma tia, que passou para a minha mãe e agora está comigo há 45 anos. Como não a conheci, e o meu nome é uma homenagem à ela, esse jogo é como se fosse uma lembrança viva para mim. Um dia, depois que eu for embora, ficará com meus filhos.” – Maria Cristina Lahr
Elaine Franciscatto
“Esse vaso tem uns 40 anos e era da minha mãe Marina Rocha Franciscatto, que faleceu recentemente. Ele tinha umas plumas dentro, que era muito usado na época. No final do ano passado, tirei as plumas e coloquei flores artificiais para decorar a casa dela para o Natal. Quando ela partiu, fiz questão de trazer ele para minha casa, onde pretendo manter comigo até o dia que eu partir. Eu olho para o vaso e lembro do cuidado dela com essa peça. ” –Elaine Franciscatto
Ana Priscila Camargo Neves Stella
“Essa geladeira era da minha avó paterna, dona Dirce Mantovani de Camargo Neves (in memorian). Ela tem quase 100 anos e ficava na chácara do meu pai. Quando ele vendeu a chácara, pedi para ficar com ela que originalmente era amarela. Mandei restaurar, contudo, dentro, é toda original, com as gavetas de ágata e as formas de gelo de alumínio. Amo essa geladeira, já me ofereceram muito dinheiro por ela, mas não tem dinheiro que pague a lembrança que guardo da minha avó. É um pedacinho dela que ficará pra sempre comigo.” Ana Priscila Camargo Neves Stella
Bell Pollesi
“Meu avô materno Roberto Madsen veio da Dinamarca em 1910, trazendo esse relógio na mala. Aqui, ele conheceu minha avó e constituiu família. Temos informações que ele tem mais de 120 anos, pois meu avô falava que era do pai dele. Meu pai (José Pollesi) é muito apegado ao relógio, que hoje está na sala da minha casa. Esse objeto é extremamente estimado por todos nós e creio que meu gosto por antiguidades começou com ele. “ – Bell Pollesi
Robson Cicolin
A cachaça Limeirinha era produzida na fazenda do meu avô paterno. Ela já não existe mais desde a década de 90. Temos algumas garrafas da famosa Limeirinha, da última série produzida. Todas ficam guardadas a sete chaves. Essa da foto, tem um lugar especial em casa. Ela fica na sala com todo destaque que merece. A Limeirinha representa um importante capítulo da história da minha família.” – Robson Cicolin
Jucimara Lima
Blog da colunista social do LIBERAL, Jucimara Lima, com notícias e informações sobre Americana e região!