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Histórias de Americana

O culto americanense à Revolução de 1932

Em Americana, a participação de cerca de 100 soldados é relembrada por uma exposição de objetos da guerra e banners

Por Mariana Spaulucci Feltrin

11 de dezembro de 2022, às 09h18 • Última atualização em 11 de dezembro de 2022, às 09h32

Combatentes da Frente Leste durante a espera por uma batalha durante os conflitos da Revolução de 1932, na divisa de SP com MG - Foto: Acervo Museu Histórico de Itapira

Apesar do Estado de São Paulo ter perdido a guerra contra o governo de Getúlio Vargas, comemora-se anualmente, no dia 9 de julho, a Revolução Constitucionalista de 1932. Também chamada de Guerra Paulista, identificamos facilmente que sua rememoração ocorre de forma positiva no Estado e com grande destaque regionalista na cidade de Americana.

Em Americana, a participação de cerca de 100 soldados é relembrada por uma exposição de objetos da guerra e banners, bem como a história é recontada anualmente nas redes sociais da prefeitura ou da câmara municipal. No cemitério mais antigo da cidade, o da Saudade, há três túmulos adornados por populares como tributo aos combatentes Jorge Jones, Fernando de Camargo e Aristeu Valente. Na praça Comendador Müller, no centro da cidade, há um monumento de bronze em homenagem aos que morreram em combate, assim como escolas, praças e ruas foram nomeadas com o propósito de honrar esses mesmos homens.

Recuperando jornais das décadas de 1950 e 1980 no acervo do O Liberal, encontramos notícias que mostram uma constante veneração regionalista de Americana à Guerra Paulista. No recorte de julho de 1954, relatou-se que na Praça Comendador Müller, após uma salva de tiros de policiais militares, discursaram o prefeito Carroll Meneghel, o deputado federal Ralph Biasi e o comendador Jorge Mancini. Os discursos foram resumidos no jornal exaltando o “amor e paixão” e a “liberdade e democracia” como ideais dos soldados paulistas.

Em julho de 1984, Jorge Mancini também promoveu uma exposição e um grande desfile no centro da cidade em comemoração à Revolução Constitucionalista. A matéria cita a presença da Associação dos Ex-combatentes, autoridades civis, militares e religiosas no evento. Outro recorte cita opções de nome a ser escolhido para um veadinho que nasceu no zoológico municipal em 9 de julho: Revolucionário, 32 e Constituição.

As narrativas sobre esse acontecimento histórico são diversas e divergentes, entretanto, pelas fontes analisadas, o fascínio sobre a Guerra Paulista em Americana se mostra peculiarmente saudosista e regionalista, sendo a data rememorada de forma quase permanente ao longo das décadas. Portanto, o culto americanense à Revolução Constitucionalista pode ser lido como uma idealização patriota dos que lutaram acreditando nos ideais da liberdade e da democracia e, ainda assim, lutaram, conscientes ou não, pela manutenção do poder das elites oligárquicas paulistanas. Q

Mariana Spaulucci Feltrin
Membro do grupo Historiadores Independentes de Carioba, dedicado à pesquisa história sobre Americana

Historiadores de Carioba

Blog abastecido pelo grupo Historiadores Independentes de Carioba, que se dedica à pesquisa histórica sobre Americana.