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Histórias do Coração

Natalia, Gian e o Maverick

O amor nasce nos imprevistos, como se uma força agisse através dos acontecimentos, unindo personagens que até então se supunham donos de uma história singular

Por Carla Moro

29 de novembro de 2020, às 08h41 • Última atualização em 05 de dezembro de 2020, às 13h33

Em 4 de junho de 1973, quando o primeiro Maverick saiu da fábrica da Ford, em Taubaté, não era possível prever que um modelo GT laranja, ano 1976, motor V8, com faixas laterais adesivas na cor preta e capô em preto fosco seria o responsável pelo atraso de uma noiva que se casaria na Igreja de Carioba no início da noite do primeiro sábado de outubro, em 2019.

Assim como não era possível supor que no carnaval de 2012, em Paulínia, para a Natalia e as amigas, que tinham bebida quente, faltaria gelo, enquanto o Gian com um grupo de amigos chegava no estacionamento do lugar da festa justamente com um saco de gelo e nenhuma bebida.

O amor nasce nos imprevistos, como se uma força agisse através dos acontecimentos, unindo personagens que até então se supunham donos de uma história singular.

É como frequentar sempre os mesmos lugares que o futuro amor, estudar na mesma faculdade, tomar a mesma cerveja no posto depois do trabalho, ter amigos em comum e ainda sim nunca se dar conta do outro.

Mas há essa força que vai diminuindo as distâncias, fazendo faltar gelo, depois combinar uma festa com os amigos em comum, trocar mensagens. Há essa força que, no dia da festa, faz o moço da nossa história usar um perfume que chama a atenção da moça que até então achava que desgarrar-se e ser dona de uma história singular era o que se podia fazer num sábado nessa cidade do interior.

O Maverick laranja, ano 1976, que decidiu parar de funcionar quando a noiva já estava pronta, como qualquer outro carro, precisa de duas forças para sair do lugar e chegar ao destino que se pretende. A primeira força é mecânica, vem do motor à combustão. A segunda força é humana, depende da mão que dá a partida. Sem essas duas forças, o carro é só um objeto sem vida, que não cumpre o seu propósito.

Quando penso na Natalia e no Gian, o casal da nossa história, penso nessas duas forças que se unem para chegar ao destino que se pretende. É preciso querer chegar juntos ao mesmo lugar, dar as mãos e confiar nos passos do outro. A Natalia diz que o Gian é coração, é a força humana que guia o caminho. O Gian diz que a Natalia é a razão, é a força mecânica que mantém o carro funcionando. Nesse nosso casal, um não sairia do lugar sem o outro.

O noivo aflito parado na porta da igreja de Carioba no primeiro sábado do mês de outubro do ano de 2019 sabe que a noiva vai chegar, ela vai encontrar uma maneira. O amor que um tem pelo outro sabe a que destino se pretende.

Gian, Natália e o Maverick – Foto: Fernando Remédio Fotografia

No futuro há um Maverick laranja, ano 1976, para levar os filhos para passear e uma casa com quintal. São duas histórias singulares. Olhos que se encaram felizes enquanto observam as famílias na festa do casamento celebrando uma nova história que começou em 2012, quando a Natalia tinha bebida, mas não tinha gelo e o Gian tinha gelo, mas não tinha bebida.

É a força que age nos imprevistos, que encurta distâncias, que existe nos corações desse casal tirando as fotos em frente ao Maverick, ano 1976, que não chegou na igreja, mas chegou na festa. O salão da festa foi o Gian que escolheu, as flores, a Natália. A casa com quintal é um sonho dos dois.

O amor pode nascer no imprevisto, na surpresa, mas é na cumplicidade que ele se firma; na cumplicidade e na alegria. Como a alegria do Carnaval, depois a alegria do primeiro beijo, que a Natalia que deu, ou a chave do apartamento com o pedido de casamento. Na alegria de um esperando o outro chegar do trabalho. Amor é força que agia enquanto o nosso casal estava distraído. Amor é cheiro e também briga, quando é preciso lembrar a que destino se pretende.

Quando, em 1973, o primeiro Maverick saía da fábrica da Ford, não foi possível prever que ele seria responsável pelo atraso da noiva da nossa história já em 2019. Não foi possível supor o noivo aflito na porta da igreja de Carioba.

Quando, em 2012, no Carnaval, havia um rapaz e uma moça num estacionamento em Paulínia, havia também uma força, um destino, alguns diriam, capaz de transformar duas histórias singulares em uma única história. E quem ousaria duvidar dessa força?

Formada em Letras pela Unesp, Carla Moro faz neste blog um registro de histórias de amor. Leia mais aqui.

Quer contar sua história? Me mande uma mensagem no e-mail colunahistoriasdocoracao@gmail.com

Carla Moro

Formada em Letras pela Unesp, Carla Moro faz neste blog um registro da trajetória dos casais! Quer sugerir sua história para a coluna? Envie um e-mail para colunahistoriasdocoracao@gmail.com