Histórias do Coração
Letícia e André
Por Carla Moro
28 de março de 2021, às 10h20
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O casal dessa história se conheceu em 1997, na escola, mas eles não estudavam juntos. A Letícia era aluna do André, que era professor de Química. Por ser um professor muito jovem, os alunos viam nele também um amigo. O André acompanhava os alunos nos almoços, quando havia aulas à tarde e nas viagens das turmas. Ele sempre esteve presente. Foi a Letícia, em um desses momentos, enquanto tirava uma foto com o André, que percebeu que podia, de repente, estar sentindo alguma coisa, ainda sem nome nem tamanho, por aquele professor.
No Novo Testamento, o primeiro livro, Livro de Mateus, traz uma parábola que fala de um negociante de pérolas que encontra uma pérola de grande valor. O André me diz que a Letícia é a sua pérola de grande valor, que a paixão que ele sentiu por ela foi desde o primeiro momento avassaladora, mas natural e espontânea, como se já estivesse atrelada ao seu ser desde o primeiro momento.
Em 1999, quando o casal da nossa história percebeu que o nome daquilo que sentiam um pelo outro era amor, a Letícia tinha um namorado de muitos anos e que fazia faculdade em outra cidade. O André também era comprometido. Não bastassem essas complicações, ainda havia o óbvio: a aluna apaixonada pelo professor e o professor apaixonado pela aluna. Mas, antes de continuar, eu quero falar sobre cuidado. E quando falo de cuidado, é sobre deixar claro a qualquer um que leia essa história, que o amor desse casal encontrou seu próprio caminho, independente das circunstâncias. Não foi possível interrompê-lo, como não é possível interromper o amor que é correspondido.
A pérola é uma pedra preciosa natural, que se forma quando um grão de areia invade a ostra. Essa invasão acontece de forma avassaladora, e a ostra, como defesa, cobre o invasor com camadas de nácar. São necessários, pelo menos, três anos para que camadas e camadas de nácar deem origem à pérola. O grão de areia e a ostra são a representação da persistência e da perseverança. Em uma história que já dura 22 anos, é preciso também perseverar e construir ao redor do amor camadas e camadas de respeito e admiração. A Letícia e o André têm um no outro a pedra mais preciosa que poderiam encontrar, e ela nasce de um movimento persistente e contínuo de fazer o outro feliz.
Na viagem de formatura, aluna e professor ficaram ainda mais amigos. O André me conta que, naquele momento, resolveu fazer uma jogada arriscada: ele comprou um anel de presente para a Letícia. O anel era símbolo e intenção, porque fazê-la feliz foi sempre o seu desejo primeiro. O namoro, que começaria um pouco antes de o ano letivo acabar, duraria ainda quase 7 anos até que eles se casassem.
O amor acontece em todos os lugares, em todas as épocas, para todas as pessoas. Mas é preciso ser como o comerciante do Novo Testamento que encontra a pérola de grande valor: apenas um olhar diligente sabe enxergar o real valor da pedra preciosa. O André soube. O amor que esse casal traz atrelado a seus corações é tão natural e espontâneo como a pérola, que carrega atrelados a si mesma para sempre a ostra e o grão de areia que lhe deram origem.
Formada em Letras pela Unesp, Carla Moro faz neste blog um registro da trajetória dos casais! Quer sugerir sua história para a coluna? Envie um e-mail para colunahistoriasdocoracao@gmail.com