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Blog da Eclética - por Jucimara Lima

Eu e a Lu Patinadora: a história da boneca que eu sempre quis e nunca tive

Por Jucimara Lima

28 de dezembro de 2020, às 15h26 • Última atualização em 30 de dezembro de 2020, às 09h08

Eu e Lu e nossa história de Natal - Foto: Arquivo Pessoal

O Natal de 1991 deveria ter me trazido uma Lu Patinadora, a boneca da moda que toda menina da minha idade tinha ou sonhava ter. Ao invés disso, a data me trouxe a maior e mais importante mudança da vida (pelo menos até então).

Mudei de escola, de cidade, de Estado e definitivamente de vida. Na minha família, sempre tivemos o hábito de comemorar o Natal com mesa farta e troca de presentes. Por isso, até os meus 10 anos estava acostumada e escolher um presente “bom” por ano.

Aliás, para não ser injusta eram três presentes especiais: o de aniversário, na maioria das vezes uma roupa nova; o do Dia das Crianças, certamente um brinquedo do tipo médio; e o do Natal, esse sim, melhor e muitas vezes acompanhado de uma roupa nova, normalmente usada uma semana depois para receber o novo ano.

Contudo, passamos por uma crise financeira no início dos anos 90, no auge da minha infância. Sendo assim, os tempos eram difíceis e brinquedos caros e roupas novas eram artigos de luxo. Por isso, pouco antes do Natal de 91, sabiamente minha mãe alertou que naquele ano, meu pai não estava em boas condições e que o presente seria bem simples.

Quando abri um pacote caprichosamente embrulhado exatamente à meia-noite daquele dia 24, não demonstrei descontentamento e até fingi uma certa alegria. Mesmo que o tamborzinho de plástico com duas baquetinhas, não tenha me feito tão feliz quanto o meu sorriso tentou parecer, ele convenceu meu saudoso pai de que as coisas não eram tão ruins quanto pareciam, e isso já valeu.

Ao longo da vida, foram 39 natais, sendo 29 depois desse emblemático momento que marcou minha infância. Vivi alguns deles super feliz, mesmo sem muitos presentes, outros tristes e repleta de mimos, e quatro deles sem o meu querido pai que tanto amava o Natal e que me ensinou a gostar da data.

Alguns deles, já nem me lembro mais, pois com o tempo foram se apagando da memória, assim como o desejo de ter um exemplar da dona do hit La le li lo Lu Patinadora. Anos atrás, já colunista social, me recordo de ter mencionado nas redes sociais o meu apreço pela boneca.

Me lembro que a Meplastic, fabricante da Lu, ficava em Santa Bárbara d’Oeste. Por isso, durante muito tempo, quando passava em frente à fábrica eu me alegrava ao saber que era ali que nascia diversas Lus Patinadoras que fariam a felicidade de milhares de meninas Brasil afora.

Recentemente, a Lu Patinadora surgiu novamente na minha lembrança, pois ao escrever uma coluna sobre brinquedos que marcaram a infância (atendendo a uma sugestão da amiga Bell Pollesi), acabei me recordando dela.

Penso que a Lu ficou em minha memória afetiva como um sonho que não realizei, por isso, vez ou outra ela voltava patinando em minhas lembranças.

Assim como todo mundo, amo ganhar presentes de Natal. Para mim, tem muito valor alguém, entre tantas pessoas para presentear, se lembrar de me enviar algo.

Graças a Deus, sempre recebi muitos presentes dos leitores das colunas sociais que assinei em quase duas décadas de atuação. Sou grata por todos eles, contudo, esse ano, confesso que fui pega de surpresa por um em especial.

Prestes a completar 40 anos, às 17h, do dia 23 de dezembro de 2020, entre os vários embrulhos deixados caprichosamente em cima da minha mesa de trabalho, desfiz um pacote que imediatamente me transportou de volta ao ano de 1991. Eu mal pude acreditar que finalmente estava pegando a minha Lu Patinadora nas mãos.

Sem brincadeira, os olhos brilharam de felicidade. Foi muita emoção reencontrar a menina de 10 anos que um dia eu fui e que em algum lugar em mim, ainda vive.

Demorou 30 anos, mas ela chegou! Minha sonhada boneca foi patinar pelo mundo, trilhou diversos caminhos e fez feliz muitas meninas. Em 2020, ela voltou com a missão de ensinar uma mulher de 40 anos que o que a gente tem no coração, mesmo que não se manifeste com frequência, lá, no fundo, sempre sobrevive!

Eu estou mais velha, a Lu não é mais nova, mas o sonho não envelheceu. Obrigada, Bell Pollesi, pela sensibilidade, pelo carinho e pelo lindo presente de Natal. Foi sem dúvida o mais carinhoso desde 1991, quando mesmo não podendo comprar um presente, meu pai gastou dinheiro me dando aquele tamborzinho de plástico, que hoje guardo no coração com tanto carinho, como algo de real valor, assim como a Lu será guardada enquanto eu viver.

Boas vibrações a todos!

Jucimara Lima

Blog da colunista social do LIBERAL, Jucimara Lima, com notícias e informações sobre Americana e região!