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Estúdio 52

Documentário ‘Pelé’, da Netflix, peca pela falta de profundidade

Filme recém-lançado tenta, sem sucesso, relacionar o ex-jogador ao regime militar brasileiro e traz relatos superficiais

Por Rodrigo Alonso

06 de março de 2021, às 11h09

Qual é a relação entre Pelé e o regime militar brasileiro? O documentário “Pelé”, da Netflix, aborda esse assunto, mas sem nenhuma profundidade. Fora das quatro linhas, quem é Pelé? O filme também tenta responder essa pergunta. Porém, chega nem perto de conseguir.

Para quem conhece um pouco da história do Rei e do regime militar, a obra apresenta pouquíssimas novidades ou, até mesmo, nenhuma. Por outro lado, há boas imagens e um ótimo acervo histórico, que são únicos pontos positivos do longa.

Repleto de boas imagens, acervo histórico é o único ponto positivo da obra – Foto: Divulgação – Netflix

Inclusive, as primeiras cenas despertam bastante interesse ao intercalarem momentos da Copa do Mundo de 1970 com recortes trágicos da ditadura brasileira, que vivia seu auge naquela época.

Era evidente a ligação entre esses dois eventos. O então presidente, Emílio Garrastazu Médici, acompanhava de perto a seleção brasileira, que estava recheada de militares na comissão técnica. E há relatos de que o governo intervia na equipe nacional.

O início do documentário dá a entender que essa conexão seria aprofundada, com direito a uma participação de destaque de Pelé, até mesmo por ele ser o protagonista do filme. Ou seja, no mínimo, curioso. No entanto, com o passar do tempo, essa curiosidade se transforma em frustração.

Até onde se sabia, o Rei era apenas um espectador dessa relação entre a seleção brasileira e o regime militar. E o documentário, apesar de “levantar a bola”, nem se esforça para mostrar uma perspectiva diferente. Pelo contrário.

O filme só reforça o quanto Pelé era alheio ao cenário político da época. Em certo momento, a partir de algumas entrevistas, o longa até discute a falta de posicionamento do ex-jogador, mas de uma forma extremamente superficial. Nem parece que esse é um dos temas centrais da obra.

Os entrevistados também pouco acrescentam para a construção do personagem Pelé. Os jornalistas ouvidos não fornecem nenhuma informação de bastidor, os ex-companheiros de Santos e seleção brasileira também não falam nada curioso, e os familiares se limitam a relatos superficiais sobre o ex-atleta fora dos gramados.

Até as palavras de Pelé são rasas. Na prática, ele só contribui dando contexto aos episódios mostrados no filme. Suas frases parecem ensaiadas. E, quando ele chora durante a entrevista, não se sabe exatamente o porquê.

Palavras de Pelé, figura central do filme, são rasas e parecem ensaiadas – Foto: Divulgação – Netflix

Em contrapartida, o acervo histórico torna a obra um pouco menos desinteressante. São mostrados lances e belos gols do ex-jogador, entrevistas antigas e momentos inusitados da época em que ele dominava os campos pelo mundo.

Porém, apesar de também serem retratadas por meio de imagens, todas as questões pessoais do Rei são citadas superficialmente. O documentário chega a abordar a infidelidade do ex-atleta e seus problemas para lidar com a ascensão midiática, mas não aprofunda.

E, no final das contas, a pergunta persiste: “Quem é Pelé?”. Se for levar em consideração o que foi mostrado no documentário da Netflix, lançado no último dia 23, a impressão é de uma pessoa desinteressante e sem personalidade quando não está com a bola no pé.

Nota: 2 de 5

Rodrigo Alonso

Repórter do LIBERAL, está no grupo desde 2017. É “fifeiro” desde criança e, se puder, passa horas falando de filme e série, então nada melhor do que unir o útil ao agradável.

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