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Editorial

Construção de caminho

Por Redação

14 de julho de 2020, às 08h13

Os dados revelados pelo LIBERAL sobre o acolhimento de desabrigados em Americana, em reportagem publicada neste domingo, mostra como a questão da dependência química e os reflexos disso naquilo que é responsabilidade do poder público vai muito além de interpretações superficiais. Trata-se de um cenário dos mais complexos para qualquer gestor, já que passa fundamentalmente por lidar com o comportamento de indivíduos, heterogêneos, distintos, dotados de vontades e atitudes próprias e imprevisíveis.

Ainda que a prefeitura tenha viabilizado um abrigo de forma provisória, na Igreja Presbiteriana Central, a maioria dos cidadãos que passou por ali desde o dia 7 de abril acabou retornando às ruas. E a dependência química é a razão identificada pelo município, já que o local está sujeito a regras de funcionamento. O espaço foi criado em função da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), a fim de oferecer um ambiente que possa trazer uma sensação de segurança maior em relação à doença, distante da incógnita representada pelas ruas e com itens de higiene básica à disposição. Até o último dia 8, foram 238 andarilhos momentaneamente hospedados, segundo a Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos da prefeitura.

O eventual incômodo pela reunião de dependentes em um espaço comum, usado por outros munícipes, é compreensível, dado o choque de comportamento entre quem sobriamente conduz suas atividades e aqueles amarrados pela âncora do vício. Mas movê-los de um espaço a outro, sem que isso faça parte de uma estratégia de longo prazo, aprofundada na medida que o problema exige, não passará de um alívio momentâneo para uma parcela da população distante das agruras da dependência. Construir um caminho para a vida fora do abrigo e das ruas deve ser a razão de qualquer iniciativa nesse sentido.

O Liberal

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