07 de outubro de 2024 Atualizado 23:19

Notícias em Americana e região

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Histórias de Americana

Aos heróis comuns

Por Mariana Spaulucci Feltrin

03 de junho de 2019, às 09h19 • Última atualização em 28 de abril de 2020, às 09h21

Quem passa pela avenida Brasil pode não conhecer os episódios que ocorreram no local que foi o maior centro de lazer da antiga Villa Americana.

Fundado em 1900 nas terras de Basílio Bueno Rangel, o saudoso Parque Ideal se estendia da atual avenida até a praça Comendador Müller. Nessa região, um primeiro episódio é lembrado como Piquenique Trágico.

De acordo com a história oficial, Agar da Costa Lobo, sobrinha de Antônio Lobo, estava passeando de barco nas águas do parque com seu namorado quando, acidentalmente, se afogou em uma manhã do ano de 1914.

No entanto, o pesquisador Alexandre Pignanelli causou alvoroço ao publicar, em 2016, um artigo que contrasta essa versão com documentos impressos da época.

Segundo Pignanelli, Agar era filha do professor João Mariano da Costa Lobo, que, junto da família, veio de Campinas em 14 de maio de 1916 passear no Parque Ideal.

O pesquisador cita que um grupo de 5 pessoas, entre elas Agar, sua irmã Umbelina e o artista Francisco de La Pierre, tombaram de barco no tanque do parque.

O jovem José Santiago, de 15 anos, conseguiu salvar quatro vidas, menos a de Agar, que morreu tragicamente.

O ocorrido foi noticiado em vários jornais e acabou inspirando uma valsa composta por Germano Benencase.

Além das imprecisões, a história oficial esqueceu dos atos de bravura de José Santiago. Segundo o pesquisador, em 100 anos do acontecimento, o nome do “herói improvável” foi apagado dos diversos materiais produzidos sobre o tema.

Esse mesmo local também é lembrado por uma chuva forte que inundou a região central em 13 de dezembro de 1949, ficando conhecida como a Tromba D’água.

Um integrante do circo que estava instalado na cidade se arriscou para salvar quem podia, contudo, foi vencido pelo cansaço e morreu.

Na reportagem do Jornal de Notícias do dia 14 de dezembro de 1949 aparece o nome de Domingos de Jesus, 23 anos, integrante da trupe do Circo Teatro Universal.

Assim, Domingos, que não se sabe ao certo se era palhaço e/ou eletricista, foi reconhecido e hoje é possível visitar onde jaz em túmulo simples no Cemitério da Saudade.

Obra do acaso ou do destino, a região do Parque Ideal foi marcada por esses heróis comuns com os quais a história não foi justa ao narrar os trágicos acontecimentos, pertencendo aos americanenses mais jovens a tarefa de rememorá-los.

*Mariana Spaulucci Feltrin é membro do grupo Historiadores Independentes de Carioba, dedicado à pesquisa histórica sobre Americana

Historiadores de Carioba

Blog abastecido pelo grupo Historiadores Independentes de Carioba, que se dedica à pesquisa histórica sobre Americana.