07 de setembro de 2024 Atualizado 17:33

Notícias em Americana e região

8 de Agosto de 2019 Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Segurança pública

Carta codificada liga preso de Sumaré a plano de resgate de Marcola, do PCC

Investigação aponta que manuscritos apreendidos em penitenciária são de autoria de Valdeci Francisco Costa, preso em 2016

Por João Colosalle

12 de dezembro de 2021, às 09h34 • Última atualização em 12 de dezembro de 2021, às 09h43

Valdeci foi preso em 2016 pela Operação Ethos, do MP, acusado de liderar a chamada “sintonia dos gravatas” - Foto: Reprodução

Uma carta codificada apreendida por agentes da Penitenciária II de Presidente Venceslau, no noroeste paulista, liga um preso com residência declarada em Sumaré a um plano de resgate do apontado como a principal liderança da facção PCC (Primeiro Comando da Capital), Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola.

De acordo com documentos de uma ação do Ministério Público, Valdeci Francisco Costa, o CI, seria um dos autores da carta que confabulava uma tentativa de tirar o líder da facção da Penitenciária Federal de Brasília (DF), em 2019.

Valdeci foi preso em 2016 pela Operação Ethos, do MP, acusado de liderar a chamada “sintonia dos gravatas”, setor da organização criminosa responsável pela contratação de advogados para membros. A prisão, na época, ocorreu eu Monte Mor, mas CI tinha como local de atuação e registro de residência o Parque Bandeirantes, em Sumaré.

Para a polícia, há informações de que Valdeci controla o tráfico na região de Campinas e que ele foi um dos que lideraram os históricos ataques da facção contra o Estado em 2006. Considerado de “altíssima periculosidade”, na ficha corrida dele, constam inquéritos em Sumaré e Americana, no início do anos 2000, e passagens e condenações a mais de 30 anos de prisão por tráfico, quadrilha e homicídio.

De dentro da cadeia, no entanto, ele e outros dois presos acusados de integrarem o PCC teriam orquestrado uma nova tentativa de resgate de Marcola. A primeira, em outubro de 2018, foi frustrada depois de ser descoberta pelas autoridades e provocou a transferência de lideranças da facção – entre elas, Marcola – para o recém-inaugurado presídio federal de Brasília, de segurança máxima.

Ainda assim, cerca de seis meses depois da tentativa frustrada, em abril de 2019, uma vistoria de rotina em celas da Penitenciária II de Presidente Venceslau, apreendeu manuscritos que indicavam um novo plano.

A carta era totalmente codificada. Diversas sílabas aparentemente aleatórias tinham como correspondentes outras letras que formavam palavras e frases.

cifrada. Carta encontrada em penitenciária traz linguagem usada pelo PCC conhecida como “territorial” – Foto: Reprodução

Decodificado com o uso de uma linguagem da facção conhecida como “territorial”, o manuscrito passava informações sobre o plano de resgate de Marcola, fazendo citações, por exemplo, a situações como o uso de drone (“pombo”), para mapear a unidade prisional, a ausência de militares do Exército (“periquitos”) na vigilância e a execuções de autoridades públicas caso a empreitada não desse certo.

Também fazia menção a membros do PCC envolvidos no plano, como “Ariel”, apelido atribuído a Valdeci. Ele e outros presos envolvidos negaram ter conhecimento da carta, mas uma perícia concluiu que o conteúdo de parte dos manuscritos saiu do próprio punho de CI, que, inclusive, teria assumido uma função ainda maior na facção depois da transferência de lideranças em 2019 – passara a integrar a “sintonia final”, responsável por decisões no primeiro escalão do PCC.

Valdeci e outros dois presos foram denunciados por integrarem organização criminosa. O processo, que tramita desde 2019 e ao qual o LIBERAL teve acesso na última semana, está em vias de ser julgado.

📲 Receba as notícias do LIBERAL no WhatsApp

A defesa de Valdeci nega que haja elementos de prova suficientes para ligá-lo ao plano. Ele está preso, atualmente, na Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia, para onde foi transferido após a descoberta da possibilidade de resgate.

Publicidade