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Notícias que inspiram

Projeto em Santa Bárbara alimenta moradores de rua

Moradora de conjunto habitacional de Santa Bárbara cria projeto inspirado na história do marido, que afirma ter morado em cemitério durante 5 anos

Por Jucimara Lima

22 de janeiro de 2024, às 08h40 • Última atualização em 22 de janeiro de 2024, às 09h00

A história da auxiliar de enfermagem Márcia Regina Cavalcante, de 52 anos, moradora do Conjunto Habitacional Angelo Giubina, em Santa Bárbara d’Oeste, com o aposentado Angelo Cícero Bueno, 50, parece até roteiro de novela ou enredo de filme. Assim, não surpreende o fato de ela já ter compartilhado o depoimento em uma delas (“Viver a Vida”, produção de 2009, da Rede Globo), muito menos que a trama da vida real tenha virado um documentário.

Na cozinha simples, onde produzem as marmistas, o casal Angelo e Márcia, o pastor Peti e o cineasta Lucas – Foto: Marcelo Rocha_Liberal

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Márcia e Angelo se conheceram no início dos anos 2000, quando ele era morador de rua e ela distribuía marmitas em Americana. Segundo ele, nessa época, o seu lar era um jazigo dentro do Cemitério da Saudade. “Morei lá, por cerca de cinco anos”, recorda.

Já Márcia atuava como missionária e sempre sentiu o impacto da história de Angelo. “Eu falava pra ele: um dia você estará do lado de cá, ajudando o próximo, junto com a gente.”

Assim, após muitas tentativas, ela conseguiu. “A princípio, a gente fez amizade, não tinha nenhuma intenção, contudo, a nossa caminhada juntos nos aproximou. Sempre digo que o Angelo é um presente de Deus, e atrás dessa boa ação inicial, muitas outras boas ações foram feitas e uma família foi restaurada.”

Quando assumiram o relacionamento, Márcia descobriu que o marido sofria de esquizofrenia, porém, nem o diagnóstico do distúrbio – normalmente caracterizado por questões comportamentais – a fez desistir do amor. “Graças a Deus, desde que ele começou o tratamento, nunca mais teve nenhuma crise. A essência dele é muito boa”, reflete.

Cozinha do Amor. O projeto “Cozinha do Amor” nasceu há 15 anos, com o objetivo de levar alimento para quem tem fome, baseado justamente nas experiências que Angelo vivenciou. A iniciativa começou com um bazar. “A gente vendia peças bem baratinhas com o intuito de comprar mistura para colocar nas marmitas”, lembra Márcia.

Apesar do início modesto – eles começaram com três marmitas – atualmente, a ação distribui cerca de 80 marmitas semanais, sendo pioneira na distribuição de almoços. “Essa missão sempre esteve no meu coração,” afirma a técnica de enfermagem.

Em 2022, o projeto ganhou um fôlego a mais com a ajuda do pastor Peti, de 44 anos, que inclusive deu o nome ao espaço “Pude apalpar o amor aqui”.

Velhos conhecidos, ele conta que foi apresentado à Márcia há mais de 20 anos, contudo, só a reencontrou recentemente pelas redes sociais. Na época, ele estava buscando algum projeto para o qual pudesse encaminhar os alimentos arrecadados com a ação “O pão nosso não vai faltar”, que movimentou a igreja Ministério Deus Vivo na pandemia. “Orei a Deus e ela veio forte no meu coração”.

Além de não levantar nenhuma bandeira religiosa, o projeto beneficia quem precisa. “Tem muita gente com fome em situação de rua, mas também tem muita gente passando fome dentro de casa”, argumenta o pastor. “Damos comida para quem pedir, então, já alimentamos frentistas, gente que trabalha no semáforo vendendo pano de prato, enfim, tem gente que tem trabalho, mas que se comprar uma marmita, falta em casa”, acrescenta Márcia.

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Documentário. Outro fruto desta história é o documentário “Marmitex nas ruas – Cozinha do Bem”, assinado pela LF Filmes, cuja direção é do cineasta americanense Lucas Frigatto Farnochi, O jovem foi procurado para fazer umas fotos do projeto, contudo, quis contribuir de outra forma. “Queria mostrar essa história bonita e alavancar o projeto, dando mais visibilidade para eles”, explica.

Com produção em 2023, a obra foi finalizada no dia 28 de dezembro e apresentada para os voluntários na semana passada. “Foi uma experiência ótima, pois foi meu primeiro filme após acabar a faculdade, então, dá um orgulho muito grande”.

Aprovado pelos voluntários, o filme está disponível no YouTube no canal @lffilmes-producoes. “Eu me senti famosa, foi lindo, não esperava tudo isso”, diz Márcia. Mais informações, siga o Instagram @cozinhadoamor1. 

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