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Notícias que inspiram

Em Santa Bárbara, Sopão da Madrugada leva comida e calor a moradores de rua no inverno

Ação social nasceu de um propósito que Roberto fez com Deus quando tinha apenas 14 anos

Por Jucimara Lima

15 de julho de 2024, às 08h10 • Última atualização em 15 de julho de 2024, às 09h40

Projeto acontece há 19 anos nas madrugadas de inverno - Foto: Leonardo Matos_Liberal

Há 19 anos, o funcionário público Roberto Bruder Carreira, de 55 anos, mantém ativo o projeto Sopão da Madrugada, que leva comida e conforto para pessoas em situação de rua nas cidades de Santa Bárbara d’Oeste e Americana durante todas as madrugadas de inverno, totalizando mais de 8 mil refeições servidas ao longo de sua história.

A ação social nasceu de um propósito que Roberto fez com Deus quando tinha apenas 14 anos. O voluntário conta que, após um desentendimento familiar, saiu de casa e teve a experiência de morar na rua durante uma semana.

“Senti fome, frio e medo. Foi quando orei: ‘Senhor, hoje eu não tenho casa, emprego, família, não tenho nada. Se um dia me der oportunidade de ter tudo isso, eu farei um trabalho para o resto da minha vida’”, recorda.

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Início. O primeiro Sopão foi distribuído no inverno de 2006. Como líder de jovens de sua igreja, Roberto costumava levar a moçada para sua casa e, em uma noite fria, teve a ideia de fazer o sopão.

Apesar de ser presbiteriano e de contar com a ajuda de membros desta e de outras denominações, o funcionário público faz questão de deixar claro que o Sopão da Madrugada não tem vínculos religiosos. “Não carregamos placas de igrejas, muito menos políticas. Nosso foco é a caridade, que é o amor em ação”, enfatiza.

Fé e Sonhos. Casado há quase 30 anos, Roberto tem dois filhos e conta que encontra na família e na fé a força que precisa para manter seu propósito. “Eu nunca perdi a fé em Deus. Passei por muitas coisas, sou concursado há 30 anos, mas cheguei a ter empregos desumanos. Contudo, sempre tive certeza de que havia um grande plano para a minha vida.”

Modesto, ele não se considera o idealizador do projeto. “O idealizador é Deus, que tocou no meu coração e me usou como instrumento para começar. Toda honra, toda glória sejam dadas a Ele.”

Prestes a se aposentar e há alguns anos de completar 25 anos de atuação do Sopão da Madrugada, o voluntário conta que tem alguns sonhos, como escrever um livro narrando as histórias que mais lhe marcaram, além de criar um albergue para atender pessoas em situação de rua 24 horas por dia. “Trabalharei neste projeto até quando Deus me levar”, promete.

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Memórias. Entre as histórias que devem entrar no livro, certamente estará a de Dona Maria, uma senhora que todo ano ligava para ele ir buscar sua doação. “Era sempre uma cenoura e financeiramente nem compensaria sair do bairro Vista Alegre ao 31 de Março, mas jamais poderia deixar de atender. Ela falava: ‘meu filho, essa cenoura vai abençoar as pessoas que vão comer’. Há duas semanas, senti falta da cenoura da Dona Maria. Deus a chamou para junto dele, mas sua doação sempre ficará no meu coração, porque era sincera”, emociona-se.

Durante a pandemia, outro caso se tornou inesquecível. “Um morador de rua me chamou, disse que estava com frio, fome, mas que só queria um abraço. Ele deitou a cabeça no meu ombro e chorou por cinco minutos. Depois, ele explicou que ninguém chegava perto dele há muito tempo. Não teve quem não se emocionasse.”

Tornar visíveis essas pessoas é um dos maiores objetivos do projeto. “O preconceito é grande e, desde crianças somos condicionados a ter medo do ‘homem do saco’, que nada mais é do que o andarilho. Contudo, tem muito pai de família que cai nas ruas por perder o emprego, no álcool e passa por situações que não consegue superar sozinho. A sociedade costuma desprezar essas pessoas, esquecendo que cada história é uma. Meu maior sonho é que as pessoas possam olhar para elas como alguém sem oportunidade e que precisam ser ajudadas”, completa.

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Entenda o Sopão. Todos os sábados de inverno, o trabalho começa cedo na cozinha da casa de Roberto. Ele e duas voluntárias se unem para preparar a sopa. Na receita, carne, legumes, macarrão e caldo de feijão. “Uma nutricionista nos orientou a colocar músculo, porque tem muitos nutrientes.”

Mesmo saborosa, a sopa nunca vai sozinha e costuma ser acompanhada por pães, cobertores e roupas.

Por volta da meia-noite, o comboio de carros repletos de voluntários sai em frente ao Centro Social Urbano de Santa Bárbara d’Oeste rumo a um roteiro pré-definido.

Segundo Roberto, o número de atendimentos varia muito, mas segue a média de mais de 40 pessoas por final de semana. Ciente de que a ação só é possível graças aos doadores e voluntários, ele ressalta. “Somos uma engrenagem, onde cada um tem o seu papel e todos são importantes.”

Homenagem. Recentemente, Roberto teve a notícia de que receberá a Medalha Dona Margarida da Graça Martins e o Diploma de Gratidão instituídos pelo Poder Legislativo de Santa Bárbara, a partir de uma proposta apresentada pela vereadora Kátia Ferrari (PV). A homenagem é pelos relevantes trabalhos sociais, educativos e de serviços à comunidade.

“Fiquei muito feliz, não por mim, mas porque além de ser uma oportunidade de divulgar o projeto, também é uma chance de falar do amor de Deus”, reflete.

Para quem quiser colaborar, se voluntariar ou fazer doações – que Roberto se disponibiliza a ir buscar –, basta entrar em contato pelo (19) 99171-7179. 

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