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Notícias que inspiram

90 anos levando a bandeira da caridade e amor

Conheça a história do centro espírita que preparou trabalhadores, enfrentou dificuldades, idealizou e fundou a Casa da Criança e promoveu fraternidade religiosa na cidade

Por Jucimara Lima

28 de fevereiro de 2022, às 08h07

Izabel assumiu a presidência do grupo no emblemático dia 22 de fevereiro de 2022 - Foto: Claudeci Junior - O Liberal.JPG

Há 90 anos levando a bandeira de Allan Kardec de que “fora da caridade não há salvação”, o Grupo Espírita Caminho do Progresso de Santa Bárbara d’Oeste, tem uma história importante para a cidade, inclusive tendo entre suas obras a criação da Casa da Criança, entidade reconhecida pelo acolhimento infantil.

Para entender o presente, é necessário voltar ao passado. Oficialmente, tudo começou em 21 de fevereiro de 1932, quando um grupo de pessoas corajosas fundou o centro, com o objetivo de promover o estudo da doutrina. Curiosamente, a sede passou a funcionar 75 anos após Kardec lançar em Paris “O Livro dos Espíritos”.

O grupo barbarense era composto por nomes conhecidos da sociedade, entre eles o casal Lázara Bueno e Carlos Steagall, pioneiros da família que ainda hoje mantém a direção do centro.

Atualmente, o Caminho do Progresso tem como presidente Izabel Bueno Quirino, de 71 anos, professora aposentada, filha de João Bueno Quirino Filho, irmão de dona Lázara. Segundo Izabel, os idealizadores eram pessoas de vanguarda.

“Foram pioneiros e corajosos, porque na época estava acontecendo uma guerra. E se ainda hoje existe um pouco de discriminação contra a doutrina espírita, imagina o que eles não passavam?”, questiona.

Em um documentário produzido há dois anos para contar a história do grupo, Deise Steagall, uma das filhas de Carlos Steagall, narra que nesse tempo, eles não podiam nem se reunir. “O centro ficava interditado, então, às vezes, eles faziam encontros às escuras, com a polícia na porta. Ainda assim, eles persistiram e sobreviveram”.

Primeiros Tempos. O Caminho do Progresso sempre esteve localizado na Rua Prudente de Morais, 119, em pleno centro barbarense. De um lado da edificação fica localizada uma Igreja Batista. Do outro, a Matriz de Santa Bárbara. E, um pouco mais abaixo, uma sede presbiteriana.

Uma das reuniões no Caminho do Progresso lá em seus primórdios – Foto: Acervo Pessoal

Este triângulo formado por sedes religiosas é citado por Deise no documentário, pois houve épocas nas quais membros da Igreja Batista emprestavam objetos da casa da família Steagall para suas festivas, enquanto a Igreja Presbiteriana chegou a ensaiar seu coral na propriedade da família.

Infelizmente, nem sempre o clima de amizade e fraternidade prevaleceu. Deise também relatou no documentário que no início, além dos maldizeres contra os espíritas, até pedras jogavam no centro. “No começo as pessoas falavam que o diabo morava em nossa casa”, recordou ela no depoimento.

Um fato marcante e histórico dessa fraternidade entre as religiões foi que, quando o senhor Steagall faleceu, o padre da época, que era muito amigo do líder espírita, pediu permissão para tocar o sino da igreja anunciando o sepultamento. “Foi a primeira vez que aconteceu. Depois acabou virando tradição”, afirma Izabel.

Trabalho. Nossa visita ao Caminho do Progresso aconteceu no dia em que Izabel assumiu oficialmente o grupo, em 22 de fevereiro de 2022, um palíndromo que para muitos é considerada uma data especial ou mística. Mesmo acreditando que nada acontece por acaso, Izabel faz questão de tirar qualquer ar de superstição.

“Tudo é explicável, a gente pode até não saber a razão, mas existe uma explicação. Esse é um momento de muita gratidão. Meus familiares começaram o trabalho de divulgação da doutrina espírita e, de forma simbólica, plantaram uma semente. A semente germinou, deu frutos e hoje possui raízes profundas”, diz.

Ciente de que como presidente precisa ser fiel àquilo que consta nas obras básicas da doutrina, Izabel acredita que o a doutrina espírita não será a religião do futuro mas o futuro das religiões. “A ciência comprovará a verdade sobre a continuidade da vida e a única que explica de onde viemos, para onde vamos e, porque estamos aqui”.

Momento. As nove décadas foram celebradas na última segunda-feira com uma palestra ministrada pela então presidente da casa, Neusa Carleto. Com a pandemia, o centro, que durante os piores meses esteve fechado, voltou a abrir, ainda com restrições e seguindo os protocolos. Sobre o momento, Izabel afirma que é hora de despertar. “Sempre tivemos pandemias e o Livro dos Espíritos diz que há cada cem anos, grandes acontecimentos impactam a humanidade como uma forma de acordar. A ciência evolui, a parte fraterna aflora e o amor ao próximo aparece”, explica ela, que faz questão de finalizar com uma frase de Allan Kardec. “Nascer, morrer, renascer ainda e evoluir sempre, tal é a lei.” 

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