Habitação
Quantidade de imóveis vagos em Americana e região cresceu 156% desde 2010
Dados do Censo mostram que aumento é acima do registrado no total de domicílios
Por Ana Carolina Leal
30 de março de 2024, às 07h56 • Última atualização em 30 de março de 2024, às 18h37
Link da matéria: https://liberal.com.br/cidades/regiao/quantidade-de-imoveis-vagos-em-americana-e-regiao-cresceu-156-desde-2010-2143521/
O cenário habitacional na RPT (Região do Polo Têxti), que engloba Americana, Hortolândia, Nova Odessa, Santa Bárbara d’Oeste e Sumaré, registrou aumento no número de domicílios vagos identificados entre os Censos de 2010 e 2022, divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
De acordo com os dados do Censo de 2022, os cinco municípios somam um total de 412.267 domicílios, o que representa um crescimento de 41,2% em comparação com os 291.783 domicílios registrados em 2010. No entanto, o aumento no número de domicílios vagos superou essa taxa de crescimento, saltando de 18.272 para 46.847, mais que o dobro durante o mesmo período.
Em Americana, por exemplo, enquanto a quantidade total de domicílios aumentou em 2,8%, o número de domicílios vagos cresceu em 7,7%.
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O secretário de Planejamento do município, Diego Guidolin, afirma que o número está relacionado ao perfil dos imóveis. “A maior parte desses domicílios vazios em Americana são de casas mais antigas”, diz.
Guidolin sugere que fatores como a transformação de áreas residenciais em zonas comerciais e mudanças de preferência dos moradores podem estar contribuindo para esse fenômeno.
Kelly Curciol Ferreira, da Lumes Gestão Imobiliária, em Americana, atribui o aumento de domicílios vagos à dinâmica entre oferta e demanda.
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Segundo ela, a chegada de grandes empreendimentos e novos loteamentos resultou em um excesso de oferta em relação à demanda, gerando um aumento temporário no número de imóveis desocupados.
No entanto, Kelly ressalta que esse padrão é esperado e tende a se equilibrar com o crescimento da população e o desenvolvimento industrial e comercial da região ao longo do tempo.
Na região, Hortolândia se destaca como o município com o maior aumento percentual de domicílios vagos em comparação com o total de domicílios entre os anos de 2010 e 2022.
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O número de domicílios fechados saltou de 3.607 para 12.151, o que corresponde a um crescimento de 10,6%, enquanto o aumento no número total de imóveis na cidade foi de 3,8%.
Para José Augusto Viana Neto, presidente do Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo), o crescimento de domicílios vagos nesta proporção é fruto de uma política equivocada do governo na área de habitação.
“Se aumentou o número total de domicílios, deveria ter diminuído o número de domicílios vagos. Agora, se aumenta o número total de domicílios e aumenta o número de domicílios vagos é porque falta dinheiro para financiar essas habitações, porque pessoas interessadas em comprar têm”, comenta.
Viana Neto defende a necessidade de políticas mais justas para facilitar o acesso à casa própria e evitar especulações imobiliárias prejudiciais ao mercado.
Em meio a essas questões, a inclusão de imóveis usados no Programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal, emerge como um ponto fundamental. O financiamento desses imóveis, inicialmente promissor, foi posteriormente restrito devido a pressões do setor imobiliário, dificultando o acesso à habitação para muitas pessoas. Essas políticas restritivas, segundo Viana Neto, podem agravar a situação habitacional na região.
LEVANTAMENTO
Veja a evolução no número total de domicílios na região
Município 2010 – 2022
Americana 74.656 – 104.560
Hortolândia 60.128 – 94.246
Nova Odessa 17.637 – 26.039
Santa Bárbara 59.293 – 74.932
Sumaré 80.069 – 112.490
Total 291.783 – 412.267
Veja a evolução no número de domicílios vazios na região
Município 2010 – 2022
Americana 5.443 – 13.252
Hortolândia 3.607 – 12.151
Nova Odessa 929 – 2.717
Santa Bárbara 3.255 – 7.213
Sumaré 5.038 – 11.514
Total 18.272 – 46.847
Fonte: Censo