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Uma verdadeira missão de Natal

Campanha “Amigos do Papai Noel” terá carreata hoje e celebra 19 anos de história em Nova Odessa

Por Jucimara Lima

25 de dezembro de 2022, às 08h46 • Última atualização em 25 de dezembro de 2022, às 08h47

Engenheiro é considerado o Papai Noel mais antigo em atuação na cidade - Foto: Junior Guarnieri - Liberal.JPG

Quando um amigo desafiou o engenheiro eletricista novaodessense Emerson Principe Padela, de 51 anos, a pintar a barba de branco e se vestir de Papai Noel no longínquo ano de 2004, ele não imaginava que a brincadeira se tornaria uma missão. A ideia inicial era simplesmente levar doces e brinquedos para algumas crianças da cidade, contudo, os “Amigos do Papai Noel” têm feito muito mais que isto.

Ao longo de 19 edições, eles levam alegria, solidariedade e um pouco de espírito natalino para pessoas que muitas vezes não ganham nem ao menos um abraço nas festas de final de ano. Segundo Padela, sua motivação para continuar encarando o desafio até hoje, vem das crianças. “O brilho nos olhos delas, não tem nada que pague. É coisa de Deus mesmo”, emociona-se.

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Vestindo o personagem. Em 2022, além de ser o Papai Noel da campanha encabeçada por ele e mais uma dezena de voluntários entre amigos, familiares e empresários parceiros, o engenheiro também aceitou ser o “Bom Velhinho” da campanha promovida pela Prefeitura de Nova Odessa, “Um Natal Iluminado”.

Ao longo de 15 dias, ele recebeu o público na Estação Ferroviária. Em troca, assim como fez lá no início dos anos 2000 quando tudo começou, ele só pediu que a prefeitura doasse kits para serem distribuídos na carreata. “Apesar de a prefeitura fazer a permuta, a ajuda veio de empresários que bancaram as despesas, que assim não precisaram sair dos cofres públicos”. Sendo assim, a carreata deve acontecer neste sábado, véspera de Natal, a partir das 9h, com saída da praça do Parque Residencial Klavin. Seguindo os anos anteriores, o trajeto deve durar em média cinco horas e percorrerá todos os bairros da cidade. “Ao todo, serão mais de 3 mil itens distribuídos entre sacolinhas de doces, pipocas, bonecas, e outros brinquedos doados pela iniciativa privada”.

Apesar de ser um homem de meia-idade, atualmente, o engenheiro é o Papai Noel em atuação mais antigo de Nova Odessa. Curiosamente, sua barba natural ainda precisa ser colorida de branco e começa a ser “cultivada” em junho. Apesar do calor, ele jura que só incomoda no início, embora no dia 26 faça barba, cabelo e bigode, como quem tira a fantasia e volta para realidade. Apesar de todo trabalho que a campanha exige – e que vai muito além da barbearia -, Padela se satisfaz com o impacto que a ação causa nas pessoas. “Na verdade, a cada ano que passa a gente ganha um presente, não dá”, reflete.

Casos Especiais. Entre os casos que marcaram sua trajetória, o de uma menina com obesidade mórbida que há alguns anos não saía nem da cama e que cumprindo uma promessa feita para ele no ano passado, esse ano foi caminhando visitá-lo na programação de Natal, lhe dão a certeza da importância da ação.

Outra história guardada na memória, é a de um garotinho deficiente visual que encontrou durante a campanha de 2021. “Quando cheguei perto dele, ajoelhei no chão, peguei a mãozinha dele e comecei a passar no meu rosto. Como sabem, as mãos dos deficientes visuais são como seus olhos, então ali ele conheceu o Papai Noel”.

Após quase duas décadas, Padela afirma que o momento mais difícil enfrentado pela campanha foi durante a pandemia. “Muita gente achou que iria acabar, mas eu sabia que tinha que fazer. Nessa época, fomos em alguns lugares que marcaram, como a casa de uma senhora que estava passando o primeiro Natal sem a mãe e que nos confidenciou que o melhor presente que ela poderia ganhar era um abraço”, recorda.

Reconhecida na cidade, a campanha existe graças a doações. Segundo Padela, apesar de no começo ele sair pedindo, com o tempo as coisas foram se organizando e a manutenção da campanha passou a contar com outras ações, como a “Costela do Papai Noel”, feita sempre alguns meses antes do Natal para arrecadar verba, assim como a venda de camisetas.

Memórias Felizes. Membro de uma das famílias mais antigas e numerosas da cidade (segundo ele, em Nova Odessa deve haver mais de 500 Padelas), o engenheiro tem boas recordações de antigos natais. Embora tenha perdido o pai com apenas um ano, ele teve o amor da mãe Antonia Galdina Padela, a Dona Toninha, hoje com 78 anos, além de fartura na mesa e familiares carinhosos.

“Perdi meu pai, mas tive 11 pais, sendo 10 deles, os irmãos dele e principalmente meu avô. Todo Natal eles me levavam para passear, me davam presentes e abraços. Me lembro das brincadeiras com os primos no quintal dos meus avós. Realmente, não posso reclamar”.

Até quando? Mesmo firme na missão, o engenheiro confessa que algumas vezes já pensou em parar, contudo, segundo ele, Deus sempre acaba dando um jeito de deixá-lo no projeto.

Pai de dois filhos (a Yanni, de 11 anos, e o Henrique, de 6), ele conta, orgulhoso, que talvez o posto de Papai Noel seja passado para o caçula, que no ano passado deu um show durante a carreata. “Minha esposa Dora e meus amigos até me chamaram para ver a maneira empolgada com que ele entregava os presentes”, orgulha-se.

E para quem pensa que a missão de Padela termina quando ele encerra a carreata no meio do dia, engana-se. Mesmo à noite, ele sempre acaba sendo convidado para visitar alguma criança, família ou idoso e acaba não resistindo a “trabalhar um pouco mais” em prol do Natal.

“O meu compromisso no dia 24 é ser Papai Noel na carreata e depois vou aonde Deus quiser. Faz 19 anos que não sei o que é passar a véspera de Natal com a minha família. Tem vez que chego em casa e já estão todos dormindo, contudo, acredito que Natal não é só sentar em uma mesa e comer. Natal é festividade, é alegria, é solidariedade, então, é isso que quero levar. Depois, no dia 25 eu passo um feliz Natal com eles”, finaliza. 

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