14 de outubro de 2024 Atualizado 08:29

Notícias em Americana e região

8 de Agosto de 2019 Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Notícias que inspiram

Projeto une crocheteiras e distribui mantas em Nova Odessa

Criado em 2023, o projeto “Amor ao Quadrado” cresce a cada dia, unindo mulheres da região e até de outros estados

Por Jucimara Lima

14 de outubro de 2024, às 08h29

Uma terapia: mulheres se reúnem para crochetar - Foto: Marcelo Rocha_Liberal

A tradição de criar peças com as próprias mãos foi herdada por Joice Benedito de sua saudosa mãe e, de certa forma, aprendida com sua irmã mais velha. A veia empreendedora, porém, ela desenvolveu ao longo de sua jornada, marcada pela criação de uma ação social que transformou muitas vidas. “A arte salva, e o crochê me libertou da depressão”, ressalta.

Criado em 2023, o projeto “Amor ao Quadrado” cresce a cada dia, unindo mulheres da região e até de outros estados. “Meu maior desejo é transformar Nova Odessa na capital do crochê”, brinca. Além de tornar a cidade uma referência nessa arte, ela sonha em abrir um espaço para comercializar as próprias criações e a de outros artesãos.

Faça parte do Club Class, um clube de vantagens exclusivo para os assinantes. Confira nossos parceiros!

Social. Embora tenha em mente o lado comercial da profissão, Joice dedica grande parte de sua energia ao aspecto social do projeto, que surgiu para fornecer mantas de crochê a famílias em situação de vulnerabilidade. “Queria unir as pessoas, e assim nasceu o Amor ao Quadrado. Cada um faz seu quadrado e juntos formamos as mantas. Algumas pessoas doam tempo, outras doam linhas e lãs. De quadrado em quadrado, criamos peças feitas com várias mãos e muito amor”, explica.

O projeto também cria conexões. “Com o Amor ao Quadrado, conhecemos pessoas de diferentes lugares”. Além do impacto social, Joice destaca como a arte ajuda suas emoções, mantendo viva a conexão com sua mãe. “Fazer crochê é uma terapia para mim e do jeito que fazemos, vira quase uma terapia em grupo”

Conexões. Nascida em Sumaré e tendo vivido no Mato Grosso por boa parte da vida, Joice cresceu vendo a mãe e a irmã usando o artesanato como fonte de renda, mas na época não se interessou. Ao retornar para a região, já adulta e mãe solo, recorreu ao crochê para complementar a renda. “Lembrei do que aprendi com elas. Quando percebi que o crochê poderia ajudar a sustentar minha filha, fiz cursos, me aperfeiçoei, e hoje até ensino minha irmã, que um dia me ensinou.”

Depressão. Em 2014, a perda da mãe trouxe uma depressão que durou muitos anos. “Eu tinha acabado de conhecer meu atual marido, estava grávida do meu segundo filho, e meu mundo parou. Fiquei muito tempo sem ânimo para nada. A única coisa que me tirava de casa era as feirinhas de artesanato. Estar com as mulheres do movimento me confortava”, relembra Joice.

Somente em 2023, ao se envolver em um movimento por mais segurança nas escolas, ela conseguiu superar a depressão. “Saí de casa para lutar pelos direitos dos meus filhos, e quando vi que conseguimos ser ouvidos, percebi que era capaz de mobilizar uma causa. Foi aí que me recusei a voltar ao estado em que estava, porque entendi que podia ser e fazer muito mais.”

Siga o LIBERAL no Instagram e fique por dentro do noticiário de Americana e região!

Ressurgindo das cinzas. Com a autoestima renovada, a experiência no movimento dos artesãos, o apoio de pessoas que acreditaram nela e o desejo de ajudar, Joice criou o projeto, inspirado em uma ação semelhante da especialista em artes manuais Anne Galante, de São Paulo. Uma das grandes incentivadoras foi a publicitária Viviane Andreatta. “Expliquei o projeto, ela o apresentou no CMEC (Conselho da Mulher Empreendedora e Cultura), e as mulheres abraçaram a causa. Depois, divulguei no grupo de artesãos e as pessoas começaram a se unir”, conta Joice.

Por meio do crochê, Joice, de Nova Odessa, saiu da depressão – Foto: Marcelo Rocha_Liberal

Para Viviane, 49, diretora de comunicação do CMEC, o projeto desperta o empreendedorismo nas artesãs. “Abraçamos projetos como o Amor ao Quadrado porque envolvem cultura e ação social”, explica.

Hoje, a iniciativa reúne 60 mulheres, com dois pontos de encontro onde crocheteiras se reúnem para trabalhar e ensinar a arte. Os encontros ocorrem na Casa do Artesão, cedida pela Diretoria de Cultura, e na Terça da Serra, um residencial para idosos. Elas também se encontram em cafés e espaços públicos para promover o trabalho.

Amor ao Quadrado. Segundo Joice, uma de suas maiores alegrias é o impacto do projeto na vida das mulheres. “Assim como ele me tirou da depressão, também ajudou muitas outras mulheres. Elas sabem que não estão fazendo só um quadrado. Estão criando uma manta que vai aquecer alguém. Estar junto, compartilhar risadas, é uma experiência muito especial para todas nós.”

A voluntária Edileuza Aparecida de Assis Carmelossi, de 56 anos, confirma a percepção de Joice e dedica um dia da semana ao projeto, em que, além de crochetar, dá aulas. “Deus me deu um dom e é meu dever compartilhá-lo com quem deseja aprender”, afirma. Ela também diz ter sido curada pela arte. “Perdi as contas de quantas vezes o crochê me salvou”, comenta sorridente.

Atualmente, as voluntárias estão produzindo mantas para estoque, já que o inverno passou, mas continuam atendendo demandas, inclusive fornecendo materiais ao Hospital Municipal de Nova Odessa. “Fazemos kits para mães em situação de vulnerabilidade, com colchas, luvinhas, sapatinhos e toucas. Vamos atendendo conforme os pedidos chegam, e estamos sempre dispostas a ajudar”, conclui Joice.

Para saber mais sobre o projeto, siga o Instagram @amoraoquadradoporjoicebenedito. 

SUGIRA E COLABORE
Se você conhece uma boa história que todo mundo merece saber, conte para a gente. Ela pode virar uma reportagem no LIBERAL.

  • WhatsApp: (19) 99271-2364 (clique aqui e envie a mensagem)
  • E-mail: noticiasqueinspiram@liberal.com.br
  • Telefone: (19) 3471-0301
Assinantes do LIBERAL têm descontos de até 50% em mais de 50 lojas por meio do Club Class

Publicidade