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Notícias que inspiram

Um empreendedor com ótimo instinto

Jovem que já vendeu amendoim para custear estudos se tornou piloto da Força Aérea Brasileira

Por Jucimara Lima

29 de maio de 2023, às 09h53 • Última atualização em 29 de maio de 2023, às 09h54

Lucas sempre teve o empreendedorismo correndo nas veias - Foto: Junior Guarnieri - O Liberal.JPG

Comunicativo, sorridente e com muitas ideias na cabeça, apesar de ter apenas 29 anos, o empreendedor Lucas José Rocha da Silva é daquele tipo de pessoa que já viveu muitas vidas em uma. Não por acaso, ele é piloto de avião, palestrante e proprietário do Instinto Burger – uma hamburgueria artesanal recém-inaugurada em Americana -, além de dono de uma franquia de cursos profissionalizantes em Pirassununga.

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Nascido em uma periferia da Zona Norte de São Paulo, Lucas é neto de migrantes nordestinos que mudaram para a capital paulista em busca de um futuro melhor. “Apesar da origem humilde, sempre tive o bom exemplo dos meus avós, que incentivaram meus pais a estudarem, porque diziam que era assim que se prosperava na vida”, recorda.

Sonhos. Caçula entre os irmãos, Lucas sempre estudou em escola pública e sabia que era através da educação que iria mudar seu futuro. Seguindo os passos do irmão Leandro, aos 12 anos decidiu que queria ser piloto da Força Aérea. “Ele foi em uma feira de profissões e voltou encantado. Ele estava tão entusiasmado que me contagiou.”

Assim, depois de muito pesquisar, descobriram a Epcar (Escola Preparatória de Cadetes do Ar) de Barbacena, em Minas Gerais. “Ouvimos de muitas pessoas da própria família que não era coisa para a gente, que ser piloto era para herdeiro. Enfim, hoje vejo isso como uma mensagem de proteção. Eles tinham medo que a gente sonhasse com algo que não iríamos conseguir conquistar.”

Dificuldades. Apesar da vida simples, Lucas conta que nunca faltou comida em casa, mas que o luxo também passava longe. “Lembro de algumas situações que até hoje me motivam a trabalhar”, pontua.

Por essa razão, pagar um curso preparatório para passar no concorridíssimo processo seletivo era algo muito fora da realidade dos irmãos. “Sempre falo que na vida temos dois caminhos a seguir quando nos deparamos com uma dificuldade: ou você arruma uma forma de superar, ou arruma uma desculpa. Quem quer, dá um jeito”, enfatiza.

Nascia assim o primeiro projeto de empreendedorismo em sua vida. “Meu irmão tinha aprendido a fazer um amendoim doce, com minha tia Netinha, que era uma delícia. Se fosse falar na linguagem da ideologia do empreendedorismo, podemos dizer que já era um MVP (Produto Mínimo Viável). O Leandro levava para a escola e todo mundo queria um pouquinho, então, daí a passar a vender foi um pulo”.

Começava assim uma jornada que duraria 10 meses, até conseguirem o dinheiro que precisavam para custear o curso de ambos. “Eu ia para as avenidas de São Paulo e falava: oi, tudo bom? Eu sou o Lucas, tenho 12 anos e estou vendendo amendoim porque quero ser piloto de avião. Sempre falo que quando uma pessoa está se esforçando, todo mundo repara e o universo conspira. Meu irmão mais velho, Ronaldinho, mesmo não tendo dinheiro sobrando, completou o valor que faltava para podermos fazer o curso. O Tiago, também irmão, ajudava no transporte.”

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Jornada. Sempre estudioso e com muita facilidade para aprender, Lucas foi aprovado de primeira. Já o irmão prestou outras duas vezes, sendo que na última chance, após muito estudo e resiliência, inclusive com um outro curso pago pelo próprio Lucas, ele conseguiu ingressar. “Meu irmão nunca desistiu e eu me sentia na obrigação de ajudar. Como eu guardava o dinheiro da bolsa que recebia, usei esse dinheiro para pagar o melhor curso de São Paulo para ele”.

Após a conclusão na Escola de Cadetes (equivalente ao ensino médio), Lucas ingressou na AFA (Academia da Força Aérea), em Pirassununga, e aos 22 anos se tornou piloto de transporte, formado em administração e ciências aeronáuticas, com pós-graduação no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica).

Outros voos. Devido à profissão, Lucas conheceu o Brasil todo e viveu experiências únicas em missões inesquecíveis como piloto de transporte de pessoas e cargas. “Fazia lançamento de paraquedistas, transporte para evacuação médica e transporte de órgãos”, lembra.

Paralelamente, o empreendedorismo sempre esteve dentro dele e, após uma experiência investindo em vendas pela internet, teve a oportunidade de criar o Instinto Burger, uma hamburgueria que nasceu durante a pandemia, tendo sua primeira unidade em Pirassununga, a segunda em Americana e que em breve terá a terceira em alguma cidade da Região Metropolitana de Campinas, o primeiro passo de um projeto de expansão audacioso, capitaneado por Lucas e a esposa, Isadora.

Apesar de Americana ter sido escolhida após análise de potencial e de a unidade local ser considerada um projeto-piloto para outras que virão, foi sobrevoando a cidade que anos atrás Lucas fez seu primeiro voo solo.

Atualmente, contando com 45 colaboradores, Lucas considera o empreendedorismo o melhor programa social que existe. “Empreender ajuda a colocar comida na mesa das pessoas. Eu acredito que quanto mais crescer, mais pessoas vou ajudar, mas não dá para ficar esperando cair do céu. Deus dá a capacidade, mas a ação tem que partir de nós. Não adianta olhar para o céu com muita fé e pouca luta”, finaliza. 

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