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Notícias que inspiram

Trabalho voluntário e o prazer em transformar vidas

Equoterapia, voluntariado e muita dedicação unem casal americanense em prol de associação

Por Jucimara Lima

22 de novembro de 2021, às 08h07

Daniela e Eris fazem apelo para que população colabore com a manutenção da entidade - Foto: Marcelo Rocha - O Liberal.JPG

O que leva uma pessoa a fazer trabalho voluntário? Essa é uma das perguntas que sempre fazemos aos personagens da editoria Notícias que Inspiram. Em um mundo repleto de compromissos sociais e profissionais, onde tempo de fato é dinheiro, o que motiva alguém a dedicar a vida a uma causa?

Bem, na verdade, é que muitos deles nem sabem ao certo a resposta. É o caso do casal Daniela Rizzo Bordignon, de 43 anos, e Éris Bordignon, 61, cuja história de vida acaba se confundindo com a da Aequotam (Associação de Assistência e Equoterapia de Americana), considerando que a própria família deles iniciou quando ela foi trabalhar como fisioterapeuta do projeto.

Daniela, que atualmente é a presidente da associação, divide seu tempo entre a associação, o consultório, as aulas na faculdade e pós-graduação onde leciona, os cuidados com a família (é mãe de duas crianças) e os estudos do último período de serviço social.

Encantada com o universo da equoterapia, ela explica que diversos estudos comprovam que o cavalo consegue remeter, especialmente aos menores, a sensação de estar no útero materno. Por essa razão, segundo ela, as crianças não estranham o animal. “Por ele ser quentinho, fofinho, macio, isso tudo é um aconchego para as crianças, uma espécie de acolhimento”, relata.

Um dos principais ganhos apontados pela especialista é o empoderamento pessoal. “Muitos deles ficam apenas no colo ou estão em cadeiras de rodas. Então, do alto do cavalo, é a primeira vez que eles conseguem enxergar o mundo de outra perspectiva”, conclui.

Benefícios. Indicada para pessoas com paralisia cerebral, autismo, síndrome de down, síndrome de rett, entre outros, a terapia com cavalo ajuda no desenvolvimento psíquico, motor e social.

Daniela explica que, na verdade, o fisioterapeuta é o animal, que por sua vez sabe exatamente o que cada um precisa. “Ele ajuda desde o fortalecimento e coordenação motora até a parte da afetividade e ansiedade”.

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A Equotam, hoje. Infelizmente, devido à pandemia, a situação da Aequotam é a pior já enfrentada. Segundo a presidente, o número de colaboradores caiu em média 80%. Sendo assim, como não recebe nenhum tipo de recurso do poder público, a associação – que em sua história já ajudou a melhorar a vida de mais de 150 pessoas, de zero até 69 anos-, vive de doações. E pior: corre o risco de fechar.

Atualmente atendendo 34 pessoas, a entidade ocupa uma área na Fazenda São Jerônimo, contudo, o espaço é particular e foi loteado, portanto, precisa ser devolvido urgentemente, inclusive com prazo de desocupação expirado.

“A gente precisa desde ração, feno, serragem para fazer as camas, até ferrar o animal, além é claro, de doação em dinheiro, ressaltando que somos uma instituição sem fins lucrativos”.Segundo a presidente, o custo mensal com um animal, varia de um salário mínimo para mais, isso se ele estiver com a saúde em dia, algo que não acontece muito, pois a maioria dos animais da entidade (são 10) já está idosa.

O conselheiro Eris Bordignon, que durante anos presidiu a associação, é o único fundador que continua atuando, e vê com preocupação a situação. “Estamos lutando para que a entidade possa permanecer, mas, vou ser sincero: hoje corremos o risco de a Aequotam não passar de 2021. Agora, está nas mãos de Deus”, desabafa.

Ciência comprova os benefícios conquistados com a equoterapia são incontáveis – Foto: Arquivo Pessoal

Futuro

Com futuro incerto, o desejo de ambos é único: encontrar um lugar para instalar a Aequotam. “Se não conseguirmos, é com dor no coração que vamos ter que fechar”, explica Daniela, que sonha um dia poder fazer 150 atendimentos semanais. “Nossa fila de espera é enorme e muitas famílias nos procuram para que as crianças possam fazer a ressocialização e mesmo uma convivência e interação maior com os animais. Se tivéssemos um espaço nosso isso seria possível”, diz.

Voltando ao questionamento do início desse texto sobre o porquê de se doar tanto, Eris tem uma boa explicação. “Eu até me pergunto isto, inclusive, no início muita gente queria que a Aequotam fosse particular. Contudo, eu fui contra, porque as famílias já sofrem um desgaste muito grande, então nunca achei justo cobrar. Então, eu falo: sou uma pessoa melhor hoje, eu enxerguei o outro lado. Eu não tenho filhos deficientes, mas tenho um amor muito grande por tudo isso. Por essa razão, nosso sonho é continuar o trabalho da Aequotam, contudo, com um novo modelo mais sustentável. Para isto, pedimos ajuda”, finaliza.

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