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Americana

Setor de eventos sofre com as indefinições

Indefinição sobre retomada de eventos, paralisados por conta da pandemia, causa apreensão em profissionais do setor

Por André Rossi

12 de julho de 2020, às 08h32

Totalmente paralisado na região desde o início da quarentena de combate ao novo coronavírus (Covid-19), o setor de eventos ainda está “no escuro” sobre quando as atividades poderão ser retomadas, ainda que de forma parcial.

Além da indefinição, uma série de problemas surgiram por conta da situação. Negociar devoluções de pagamentos, dizer “não” para festas clandestinas e reagendar eventos sem saber se eles vão pode ocorrer são os principais desafios, segundo profissionais ouvidos pelo LIBERAL.

Profissionais e fornecedores do setor de eventos discutem saídas para os tempos de pandemia em Americana – Foto: Macelo Rocha – O Liberal.JPG

No dia 25 de junho, cerca de 120 empresários da região ligados ao setor se reuniram no Classic Hall, em Americana, para tentarem se ajudar a tirar dúvidas em comum. Segundo o gerente do espaço, Edmir Luis Kuhl, o comportamento dos clientes numa eventual retomada preocupa.

“Eles falam ‘eu não quero minha festa com essas restrições’. Quem vai tomar conta disso? Depois da segunda cerveja, você não domina mais ninguém numa festa. E tudo recai em cima do salão”, comentou Edmir.

A cerimonialista Gisele Scherma, que tem lidado com cancelamentos e adiamentos – Foto: Macelo Rocha – O Liberal.JPG

A falta de perspectiva para mudar datas é o grande problema na visão da cerimonialista Gisele Scherma, de Americana. Ela diz já ter perdido a conta de quantos eventos foram adiados.

Um dos mais recentes foi um casamento de abril remarcado para agosto. Porém, ela ainda não sabe se poderá realizá-lo.

“Nós não temos parâmetro. Estamos à mercê do cliente. Se ele está se sentindo confuso, com dificuldade, não sabendo o que fazer, nós não podemos falar ‘não’. Temos que remarcar e ver a melhor data”, contou Gisele.

Conciliar a agenda dos diversos profissionais necessários para fazer um casamento sair do papel também é um desafio. Buffet, fotógrafo, aluguel de roupas e salão, dentre outros fornecedores precisam estar disponíveis para as remarcações.

“Hoje não é o cliente que escolhe a data. É a data que escolhe o
cliente”, resumiu a cerimonialista.

Proprietário da Capaz Eventos, o empresário Paulo Scalco trabalha com feiras abertas ao público que reúnem centenas de expositores. Dois desses eventos aconteceriam em maio e julho na Fidam (Feira Industrial de Americana), mas tiveram de ser cancelados.

“Fiz a Festa das Nações em março e já estava programando o evento de maio. Minha única fonte de renda é a parte de eventos. Estamos totalmente parados. Tudo já estava esquematizado com os expositores. Como barrou em março, todos [os contratos] foram cancelados”, contou Paulo ao LIBERAL.

Advogada civil e trabalhista, Vanessa Cezaretto tem sido procurada por empresários em busca de orientação jurídica. As dificuldades mais comuns surgem quando o cliente quer a devolução integral do dinheiro ou realizar o evento mesmo durante a pandemia.

“A maioria dos meus clientes são fotógrafos e buffets infantis. Quando é cancelamento, não pode reter multa, tem que devolver, mas oriento para que haja uma negociação. A gente sabe que nesse momento eles estão sem renda nenhuma. Não tem de onde tirar para devolver à vista”, afirmou Vanessa.

Quando o cliente quer fazer o evento em um local menor e mais discreto, como uma chácara, a orientação é para que o pedido não seja atendido.

“Se o decreto não permitir [eventos], eles estão respaldados juridicamente. Não vão ter que indenizá-los e podem se recusar a fazer, até para não ter o nome vinculado”, disse a advogada.

QUANDO VOLTA? No dia 3 de julho, o governo do Estado anunciou que eventos com público sentado serão autorizados após 28 dias consecutivos da região na fase 3 (amarela) do Plano São Paulo, que estabelece parâmetros para a retomada gradual da economia.

Já eventos maiores e que gerem aglomerações só serão permitidos após 28 dias na fase 4 (verde). Uma série de medidas devem ser seguidas em ambas as fases: ocupação máxima de 60%, uso de máscara e marcações para delimitar a distância entre as pessoas.

No momento, essa realidade está distante das cidades da RPT (Região do Polo Têxtil). A região de Campinas regrediu da fase 2 (laranja) para a 1 (vermelha) no dia 3 de julho e deve seguir nessa categoria pelo menos até 24 de julho. Nessa etapa, apenas o comércio essencial pode abrir.

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