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Americana

Polícia investiga suposto golpe em curso de necropsia

Proprietário de empresa que consta nos contratos afirma que nunca esteve em Americana e que usaram o nome de seu estabelecimento para uma fraude

Por Leonardo Oliveira

06 de dezembro de 2019, às 08h11 • Última atualização em 06 de dezembro de 2019, às 15h10

A Polícia Civil de Americana abriu nesta semana um inquérito para apurar uma possível fraude em um curso de auxiliar de necropsia anunciado em Americana e Santa Bárbara d’Oeste. Os alunos acusam a organização de não ter cumprido o cronograma do curso e de fraude nos contratos. Três suspeitos são investigados.

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Até o momento foram cinco boletins de ocorrência do caso registrados na CPJ (Central de Polícia Judiciária) de Americana, segundo o delegado José Donizete Melo. Além disso, um grupo no WhatsApp criado com os alunos que se sentiram lesados conta com 34 integrantes.

Foto: Divulgação
Página no Facebook tinha anúncio sobre curso e interessados eram chamados no chat privado

“Muitas pessoas pagaram e não tiveram nem a data do curso, nem o local onde seria feito. Os organizadores acabaram mudando essas informações e não concretizaram o curso. Com base nessas somatórias de casos nós instauramos um inquérito para apurar a existência desse curso, a legitimidade e as pessoas que estão promovendo”, disse Donizete ao LIBERAL.

No contrato assinado pelos alunos consta o nome e o CNPJ da empresa Atitude Ensino e Tecnologia, de Paranaguá (PR). O proprietário, Samuel Bach, afirma que nunca esteve na região e que seu estabelecimento não atua em Americana.

“Eu nunca estive nessa cidade. Nem conheço, não sei nem onde fica. Eu nunca fui para vender curso, nunca mandei um funcionário ou alguém com a procuração em meu nome para vender curso nessa cidade”, disse à reportagem.

Samuel ficou sabendo do caso depois de receber uma carta do Procon dizendo que um aluno que comprou o curso de auxiliar de necropsia em Americana estava reclamando do descumprimento do contrato. “Realmente o pessoal tinha todas as informações de contrato meu, acredito que alguém pegou um contrato meu e fez esse golpe”, acrescenta.

O empresário registrou um boletim de ocorrência na 1ª subdivisão policial de Paranaguá relatando a situação. A falsificação de documentos e contratos também é apurada pela Polícia Civil. No entanto, ainda não é possível cravar que os responsáveis pelo curso utilizaram o nome de outra empresa, afirma Donizeti. “Não tem a mínima condição de se afirmar hoje isso”, alega.

O delegado adiantou que três pessoas são investigadas no suposto esquema e que o próximo passo é ouvir cada um deles. O prazo para conclusão do inquérito policial é de 30 dias, mas pode ser prorrogado.

Vagas gratuitas

Duas das pessoas que registraram boletim de ocorrência contra a organização do curso contaram que viram o anúncio pelo Facebook. Na publicação, a página “Curso Auxiliar de Necropsia” anunciou vagas gratuitas para a disciplina. As pessoas que demonstravam interesse eram chamadas no privado.

Os interessados receberam uma mensagem para comparecerem em um auditório do CCL (Centro de Cultura e Lazer) de Americana para uma palestra que traria os detalhes do curso. No encontro, realizado em 26 de outubro, os contratos foram assinados e ficou definido que as primeiras aulas seriam entre o final daquele mês e o início de novembro.

Eles foram informados de que a disciplina era gratuita, mas o material custava R$ 2 mil. Para quem assinasse o contrato na hora, esse valor cairia para R$ 1,2 mil. “Quando foi dia 29, ninguém entrou em contato comigo. Eu peguei e fui no endereço. Chegou lá era onde era a antiga loja Edem [Rua 30 de julho] e o espaço estava vazio. Eu encontrei o proprietário lá. Ele falou que fez um pré-contrato, mas não chegou a locar”, disse um representante de 26 anos, que pediu para não ser identificado.

Uma professora de 29 anos, moradora de Rio Claro, adquiriu o curso porque queria ingressar na área. Ela diz que começou a desconfiar que era golpe no dia da inscrição. “Eles passaram meu cartão antes mesmo de eu assinar o contrato, vieram a mim com a maquininha. Mas eu acreditei no que ele estava falando, porque ele falava com propriedade das informações”, relata.

A reportagem questionou a Prefeitura de Americana sobre os critérios que ela estabelece para autorizar o uso de espaços no CCL. Em resposta a administração disse nesta quinta-feira que somente as inscrições foram realizadas no local e que “está apurando os fatos”.

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