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POLÍCIA

Operação contra fraude bilionária prendeu ‘testa de ferro’ em Americana, diz PF

Investigado tem “origem humilde”, mas era proprietário de empresas onde havia movimentação milionária, segundo delegado

Por Rodrigo Alonso

28 de agosto de 2024, às 15h24 • Última atualização em 28 de agosto de 2024, às 18h52

O mandado cumprido pela PF (Polícia Federal) em Americana nesta quarta-feira (28) resultou na prisão de um homem que servia como “testa de ferro” na quadrilha investigada. O grupo teria movimentado R$ 7,5 bilhões em fraudes financeiras e lavagem de dinheiro.

De acordo com o delegado André Ribeiro, o homem preso em Americana, que não teve o nome divulgado pela PF, tem “origem humilde”, mas era proprietário de empresas onde havia movimentação milionária.

“Ele funcionava como um testa de ferro para abrir empresas”, disse Ribeiro, que é chefe do núcleo de inteligência em Campinas.

Movimentação policial em frente à sede da Polícia Federal em Campinas – Foto: Polícia Federal/Divulgação

Ainda segundo o delegado, o investigado também figurou como sócio na abertura de um dos bancos digitais – denominados fintechs – que são alvo da operação, denominada Concierge.

Ao todo, a PF cumpriu dez mandados de prisão preventiva, sete de prisão temporária e 60 mandados de busca e apreensão nas cidades de Americana, Campinas, Valinhos, Paulínia, Jundiaí, Sorocaba, Votorantim, Embu Guaçu, Santana do Parnaíba, Osasco, São Caetano do Sul, São Paulo, Barueri e Ilha Bela (todas no Estado de São Paulo) e Belo Horizonte (MG). A ação ocorreu no período da manhã.

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O grupo utilizava bancos digitais para movimentar os valores ilícitos de facções criminosas, empresas com dívidas trabalhistas e fiscais, dentre outros.

A fraude ocorria por meio de um serviço chamado de “conta garantida”, que era oferecido por uma das fintechs com os seguintes termos: “Quer fugir de um bloqueio judicial? Abra uma conta com a gente”.

“Ou seja, oferecia um serviço clandestino como forma de burlar a Justiça”, afirmou Ribeiro.

Investigação

As investigações que impulsionaram a operação desta quarta dão conta de que a organização criminosa, por meio de dois bancos digitais, oferecia abertamente contas clandestinas que permitiam transações financeiras dentro do sistema bancário oficial e de forma oculta.

Essa “manobra”, segundo a PF, possibilitou que empresas de fachada e facções utilizassem essas contas para lavagem de dinheiro e movimentação do dinheiro ilícito. Foram movimentados R$ 7,5 bilhões, o que possibilitou uma vida luxuosa aos envolvidos da quadrilha.

Ainda de acordo com a PF, os dois bancos digitais não autorizados pelo Banco Central e hospedados em bancos regulares se mantinham por conivência de instituições financeiras de grande porte.

“As contas eram anunciadas como contas garantidas, porque invisíveis ao sistema financeiro e blindadas contra ordens de bloqueio, penhora e rastreamento, funcionando por meio de contas-bolsões, sem conexão entre remetentes e destinatários e sem ligação entre correntistas e bancos de hospedagem”, detalhou a PF em nota distribuída à imprensa.

Durante a investigação, a própria Febraban (Federação Brasileira de Bancos) chegou a denunciar a situação ao Ministério Público Federal, informação que foi juntada aos autos do inquérito policial.

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Os investigados responderão, na medida de suas condutas, pelos crimes de gestão fraudulenta de instituição financeira, operação de instituição financeira não autorizada, evasão de divisas, ocultação de capitais (lavagem de dinheiro), crimes contra a ordem tributária e organização criminosa.

Suspensão de atividades

Além das prisões e buscas, cumpridas por 200 policiais federais, também foram determinadas judicialmente a suspensão das atividades de 194 empresas usadas pela organização criminosa para dissimular as transações; a suspensão da inscrição de dois advogados junto à OAB (um em Campinas e um em Sorocaba); a suspensão do registro de contabilidade de quatro contadores (dois em Campinas, um em São Paulo e um em Osasco); e o bloqueio de valor de R$ 850 milhões em contas associadas à organização criminosa.

Entre as buscas estão as sedes dos bancos que hospedam as fintechs ilegais e que não notificaram o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), órgão do Ministério da Fazenda, quanto às transações suspeitas, bem como de instituições administradoras de cartões de crédito.

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“O trabalho investigativo identificou e vinculou todos aqueles que, de alguma forma, relacionaram-se com as atividades ilícitas da organização, seja no apoio logístico, financeiro ou operacional, atingindo o núcleo de funcionamento criminoso e viabilizando a responsabilização tanto daqueles que efetivamente comandam o esquema, como daqueles que dão todo o suporte logístico para execução da atividade fim”, informou a PF.

Operação Concierge

Segundo a PF, “concierge”, palavra originária do francês e que denomina o profissional que atende necessidades específicas de clientes, faz alusão à oferta de serviços clandestinos a quem procurasse os suspeitos na cidade de Campinas para ocultação de capitais.

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