estelionato
Entenda o ‘golpe das fotos’, investigado pela polícia em Americana
LIBERAL apurou que somente em setembro, sete casos foram registrados no 1º DP, que atende a área central e bairros próximos
Por Cristiani Azanha
18 de setembro de 2024, às 07h05 • Última atualização em 18 de setembro de 2024, às 10h35
Link da matéria: https://liberal.com.br/cidades/americana/entenda-o-golpe-das-fotos-investigado-pela-policia-em-americana-2255565/
A Polícia Civil apura o crescimento dos “golpes das fotos”, principalmente na área central de Americana. O LIBERAL apurou que somente na primeira quinzena de setembro, sete casos foram registrados no 1º DP (Distrito Policial), que atende a área central e bairros próximos.
Segundo a polícia, a atuação dos suspeitos é sempre a mesma. Eles se passam como entregadores de presentes nas casas das vítimas e pedem para tirar uma foto como confirmação do recebimento.
Nesse momento começa o golpe, já que eles usam a foto para abrir contas digitais em aplicativos de bancos. Os estelionatários, então, realizam transferências, empréstimos e, quando conseguem, “limpam” a conta da vítima.
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O delegado do 1º DP, Lúcio Antonio Petrocelli, explica que a Polícia Civil também quer descobrir como os suspeitos têm acesso aos dados pessoais das vítimas.
“Infelizmente, alguns dados são conseguidos pela internet por meio de aplicativos ou sites pagos. A tecnologia acaba sendo usada para captar informações, mas também não descartamos a possibilidade de informações privilegiadas de estabelecimentos bancários”, afirma.
Modalidades
Segundo o delegado, o “golpe das fotos” é a modalidade mais recente dos estelionatários. Anteriormente, eles se passavam por entregadores de presentes, mas a vítima tinha que pagar uma taxa de entrega de R$ 3,99 que só poderia ocorrer com cartão.
“Na hora de passar o cartão, eles passavam R$ 399 ou R$ 3.999. Nem sempre a pessoa percebia imediatamente”, ressalta Petrocelli.
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Na semana passada, uma idosa de 69 anos que reside no Cordenonsi, em Americana, e recebe cerca de R$ 1,4 mil de pensão, foi lesada em R$ 30 mil após cair no golpe. Os criminosos entregaram uma embalagem contendo sabonetes para ela.
“Minha sogra não quis receber de pronto, mas o entregador disse o nome dela e que fazia aniversário naquela semana. Ele pediu para confirmar o número do CPF, mas como não quis, ele mesmo chegou a falar os três primeiros dígitos. Depois de tudo isso, aceitou tirar a foto para receber o presente. Quando nos contou, nós tentamos falar com o banco, mas não conseguimos. Como não tem aplicativo, fomos no dia seguinte na agência. Descobrimos que conseguiram cartão de crédito e até empréstimo consignado”, disse uma parente da idosa que pediu para ter a identidade preservada.
Na mesma semana, outra mulher de 68 anos, que reside no Jardim Thelja, também foi enganada. Ela recebeu uma embalagem de presente de uma marca de cosméticos em seu nome. O entregador tirou uma foto da mulher e foi embora.
Somente no dia seguinte ela descobriu que foi enganada, quando seu cartão de crédito foi recusado em uma loja.
Após tirar um extrato da conta bancária, a idosa descobriu um empréstimo consignado no valor de R$ 20,9 mil, além da contratação de empréstimo imediato, proposta de cartão de crédito consignado com saque no valor de R$ 2.250, empréstimo de 13º salário e INSS 2025 para ser descontado em duas vezes, a partir de setembro do próximo ano.
Estelionatos
O delegado reforça que é necessário tomar cuidado com as informações pessoais e imagens.
“É importante desconfiar sempre de vantagens, ninguém entrega nada de graça. São diversos os tipos de estelionatos que estão sendo praticados e a cada momento aparece um novo. De dez boletins de ocorrência registrados no distrito policial, pelo menos quatro representam algum tipo de estelionato.”
Nesta segunda-feira (16), dois homens de 22 e 24 anos que aplicavam o golpe das fotos foram presos na Cidade Jardim, após uma abordagem da Gama (Guarda Municipal de Americana).
O carro que os criminosos usavam foi identificado pelo sistema da Muralha Digital. Com eles foram apreendidos quatro celulares e diversos pacotes etiquetados com as cores e o emblema de uma empresa de vendas pela internet.
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Os suspeitos residiam no Jardim Miriam, em São Paulo, e confessaram que vieram para a cidade para aplicar golpes contra idosos.
De acordo com a polícia, ao serem detidos eles tinham acabado de enganar um idoso de 70 anos, no Jardim Helena.
Os indivíduos estiveram na casa da vítima e se apresentaram como entregadores, exigindo tirar uma foto para reconhecimento facial, o que foi consentido pelo idoso.
“As prisões dos suspeitos são apenas o primeiro elo de uma engrenagem bem maior e com vários envolvidos. O trabalho da Polícia Civil só está começando”, finalizou o delegado Lúcio Antonio Petrocelli.