18 de outubro de 2024 Atualizado 19:14

Notícias em Americana e região

8 de Agosto de 2019 Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Notícias que Inspiram

Música que transforma: como um deficiente visual supera os desafios

Ainda quando criança, Dyesson Henrique Ferreira foi o primeiro aluno do projeto que a escola Só Música iniciava junto ao CPC de Americana

Por Jucimara Lima

17 de outubro de 2021, às 08h56

Se você tem alguma dúvida sobre o poder transformador da música associado à inclusão, não deixe de ler nossa história de hoje. Dyesson Henrique Ferreira, de 26 anos, é um pernambucano de nascimento, morador da cidade de Capivari, mas que leva Americana no coração, com boas razões para isto.

Formado em técnico em química, aos 12 ele iniciou seus estudos como músico, e atualmente além de tocar teclado, canta, compõe e faz gravações de playbacks para outros artistas.

Deficiente visual de nascimento, sua relação com Americana começou quando ele ainda era uma criança e veio para a cidade para ser atendido pelo CPC (Centro de Promoção à Cidadania da Pessoa com Deficiência Visual). O intuito era aprender a ler e escrever em braile.

Apesar da timidez extrema, Dyesson acabou ingressando no projeto que a escola Só Música estava iniciando em parceria com o centro, inclusive como primeiro aluno.

Dyesson encontrou na música uma maneira de vencer a timidez – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

“Nosso objetivo sempre foi proporcionar às pessoas com deficiência visual o que tem de mais bonito dentro delas. Queríamos fazê-las acreditar que poderiam sonhar e realizar seus sonhos, uma vez que muitos são afastadas da sociedade devido à descriminação”, explica Marilene Cortez, proprietária da escola, que já proporcionou cursos para mais de 20 deficientes visuais.

Dyesson conta que sempre se interessou por música, não apenas por vários tios serem músicos, mas também porque a mãe tinha um tecladinho que ele costumava brincar às escondidas.

“Ela queria aprender a tocar, mas não conseguiu ir em frente. Aí, com o tempo eu fui pegando afinidade com o instrumento”, recorda. Justamente por essa razão, quando surgiu a oportunidade de fazer um curso na Só Música, mesmo com muito receio pelo desconhecido, ele aceitou o desafio.

Apaixonado por bateria desde os 7 anos, a princípio, era esse instrumento que ele desejava tocar, contudo, com o tempo, percebendo seu talento para o teclado, acabou optando por ele.

Recordações da Só Música

Dos tempos da escola Só Música, onde ele conheceu outros deficientes visuais, aprendeu o instrumento e se apresentou em público pela primeira vez, ele guarda boas lembranças e muitas histórias de superação, afinal, foram cinco anos de estudos.

“Aprender só de ouvido não é fácil, mas a gente é bom de ouvido, então isso facilita muito”, explica. Uma passagem memorável em sua trajetória foi uma apresentação que fez no Teatro Municipal Lulu Benencase para 900 pessoas, junto com seus companheiros da escola.

“Foi o meu maior público e me marcou muito. Recordo de que quando abriu a cortina, eu estava lá, no meio do palco, tão nervoso que tive vontade de sair correndo”, diverte-se ele, que julga a experiência como um divisor de águas em sua vida, já que algum tempo depois dessa passagem começou a cantar e, mais recentemente, compor.

Além de músico, jovem também é formado em técnico em química – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

Para Marilene, ver toda essa evolução na vida de Dyesson, é uma grande alegria, até porque o projeto com deficientes é uma questão pessoal para ela. “Sabemos que a música transforma, e temos grande felicidade em fazer parte da vida dele”.

Grato pela oportunidade, o artista retribui. “A música fez muita coisa em minha vida, e por isto sou tão grato à Só Música”, ressalta ele, que ainda não desistiu de aprender bateria e que no momento, vive a expectativa pela retomada dos eventos pós-pandemia, já que os shows que fazia antes como a dupla Paulinho Garcia e Dyesson Ferreira ajudavam no orçamento.

Publicidade