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Americanense busca ajuda para participar de congresso internacional

De origem humilde, Aline está concluindo um mestrado na Unicamp e foi convidada para o 2022 X-Culture Global Symposium, em Panamá City, na Flórida

Por Jucimara Lima

14 de agosto de 2022, às 08h32

Atualmente, Aline está concluindo o mestrado de administração na área de gestão e sustentabilidade - Foto: Junior Guarnieri - Liberal.JPG

A aparência frágil e doce da administradora de empresas e pesquisadora Aline Rodrigues da Silva, 28 anos, disfarça o tamanho da força que ela tem. Moradora do Parque das Nações, em Americana, a moça é filha de agricultores nordestinos, que vieram para a região em busca de uma vida melhor.

Apesar do pouco estudo, os pais fizeram questão de que ela estudasse e, contrariando a lógica, Aline chegou ao mestrado na Unicamp e acaba de ser convidada para participar do 2022 X-Culture Global Symposium, nos Estados Unidos.

Para entender essa trajetória, marcada por muita dedicação, é preciso voltar à base. Aos 7 anos, Aline iniciou o ensino fundamental no tradicional Sesi 101. “Essa escola foi uma grande referência no município e de fato se destacava se comparada a outras. Por isso, acho que ela foi muito importante para minha formação”, avalia.

Momento de Decidir. E se a vida de Aline foi marcada por esforço, ela soube fazer as escolhas certas. Aos 15 anos, com o divórcio dos pais, ela e o irmão mais velho decidiram ficar com o pai. “Ele trabalhava muito, então achei que era meu dever ficar para ajudar. Foi bem difícil, porque foi justamente quando comecei o Ensino Médio e não era fácil conciliar tantas obrigações, mas valeu a pena”.

Além do ensino médio comum, Aline também fez o ensino técnico no curso de administração na Etec Polivalente, onde também teve o seu primeiro emprego, uma vaga na gráfica da instituição. Um episódio interessante nessa história é que ela precisou escolher entre estudar o dia todo ou fazer parte do programa de Serviço de Orientação Multidisciplinar para Adolescentes de Americana. “Em uma conversa com meu pai e meu irmão, acabei optando pelo curso técnico. Me lembro do meu irmão dizendo que se eu tinha a oportunidade de só estudar, era para aproveitar, porque no caso dele, precisou começar a trabalhar muito cedo. Como ele era meu maior exemplo, segui o conselho.”

Assim sendo, ela mergulhou nos livros, passava o dia inteiro estudando e, aos finais de semana, ainda aproveitava os cursos livres de inglês e espanhol que a instituição oferecia. “Meu irmão conta que muitas vezes me encontrava dormindo entre livros e cadernos. Eu saía de casa às 6h e só voltava à noite”, recorda. Concluído o ensino médio, Aline não queria parar e escolheu cursar negócios internacionais na antiga Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba). Devido à boa nota no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), somado ao fato de ter baixa renda familiar, ela ganhou uma bolsa do Prouni (Programa Universidade Para Todos), e já nos primeiros anos de faculdade entrou como estagiária na multinacional na qual trabalha até hoje, agora no cargo de coordenadora de operações.

Novos Desafios. Assim que saiu da faculdade, a moça fez pós-graduação em administração, pela Faculdade Getúlio Vargas, depois MBA em gestão comercial, quando chegou a fazer um módulo internacional em Miami, nos Estados Unidos. “Visitar uma universidade fora e conhecer pessoas de outros lugares me fez entender que, no universo acadêmico, não estamos tão distantes do resto do mundo. O conteúdo está cada vez mais globalizado. Só falta um pouco mais de incentivo para a ciência”, pontua.

Ainda assim, Aline reconhece que algumas ações são essenciais. “Eu não teria condições de ingressar no Ensino Superior sem o Prouni, que é um programa criado pelo Ministério da Educação. Contudo, não adianta dar acesso e não promover oportunidades de desenvolvimento.”

“Nunca pensei que um dia conseguiria fazer um mestrado, muito menos na Unicamp. Fiz uma prova, depois passei por uma entrevista, teve avaliação de currículo, enfim, o processo é muito rigoroso, então, confesso que tentei sem muita esperança. Mas meu pai sempre dizia: ‘tenta, alguém tem que passar, então, vai que é você’. Ele tinha razão e, quando consegui, chorei muito…”

Aline Rodrigues da Silva

Atualmente, Aline está concluindo o mestrado de administração na área de gestão e sustentabilidade, na Faculdade de Ciências Aplicadas da Unicamp, e, devido ao seu ótimo desempenho, foi convidada para participar da iniciativa internacional X Culture, que consiste em reunir alunos do mundo inteiro para desenvolver um plano de negócios para uma empresa real. “No meu grupo tinha dois norte-americanos, uma venezuelana e uma francesa, e nós precisamos desenvolver uma proposta de negócios para uma empresa que fabrica uma máquina que faz separação de materiais recicláveis de forma automatizada”. Com o sucesso do projeto, Aline recebeu outro convite: participar do 2022 X-Culture Global Symposium. O evento acontecerá nos dias 27, 28 e 29 de outubro em Panamá City, na Flórida, nos Estados Unidos, e contará com 150 universidades e diversas empresas discutindo as tendências sobre gestão na administração.

Por enquanto, a única coisa que a impede de alcançar mais esse degrau é a questão financeira. Por essa razão, ela abriu uma vaquinha on-line. ”Eu não sei como vou, mas já decidi que vou. Estou com esse sonho. Eu já almejei muitas coisas na vida. Mesmo ciente das dificuldades que iria enfrentar pelo caminho, eu nunca desisti. Não acho que seja só uma questão de mérito. Na verdade, eu tive muita sorte de ter encontrado algumas pessoas que me deram o suporte que eu precisava, mas principalmente devo muito à minha família que me apoiou muito e ao meu noivo que também é essencial. A verdade, é que o fato deles acreditarem em mim me impulsionou”, reflete.

Além do sonho de ir ao congresso e se estabilizar no mundo corporativo, Aline deseja ser professora universitária. “Acho que é nesse momento que as pessoas precisam tomar as decisões que vão impactar o resto de suas vidas, e, se puder contribuir, com uma pessoa que seja, para mim já será o suficiente”, diz.

Quem quiser colaborar com o projeto pode acessar o site www.vakinha.com.br. 

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