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Americana

Alvo de cassação, Arthur do Val foi o 6º mais votado em Americana em 2018

Político renunciou ao cargo de deputado após ter feito declarações sexistas contra mulheres ucranianas

Por Rodrigo Alonso

22 de abril de 2022, às 09h32 • Última atualização em 22 de abril de 2022, às 09h36

Arthur do Val teve 2.743 votos em Americana, nas eleições de 2018 - Foto: José Antonio Teixeira - ALESP - 06.11.2019

Alvo de um processo de cassação por ter feito declarações sexistas contra mulheres ucranianas, Arthur do Val (União Brasil), que renunciou ao cargo de deputado estadual na última quarta-feira, foi o sexto mais votado em Americana nas eleições de 2018.

Conhecido como Mamãe Falei, ele recebeu 2.743 votos no município, onde ficou atrás apenas de Janaina Paschoal (ex-PSL, hoje PRTB), Chico Sardelli (PV), Cauê Macris (PSDB), Odir Demarchi (PL) e Antonio Mentor (PT) na disputa por um lugar na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo).

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Dentre os seis mais votados, apenas Arthur e Janaina não possuem envolvimento direto com a cidade. À época, Arthur apoiava a candidatura de Jair Bolsonaro (PL) à presidência e era um dos principais rostos do MBL (Movimento Brasil Livre), um dos articuladores do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Pesquisador do PolBras (Grupo de Estudos em Política Brasileira), vinculado ao Cesop (Centro de Estudos de Opinião Pública) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), o cientista político Otávio Catelano lembra que o MBL surgiu na região, em Vinhedo, Valinhos e Itatiba. Portanto, já tinha poder de influência em cidades próximas.

Esse histórico, somado ao apoio do movimento a Bolsonaro, escolhido por 64,3% dos eleitores de Americana no primeiro turno, teria ajudado Arthur a conseguir votos no município.

“Normalmente, quando um candidato é bem votado para o Executivo, ele costuma chamar muitos votos para o Legislativo também, para as pessoas que fazem parte de sua chapa e estão apoiando sua candidatura”, declarou Catelano.

CASSAÇÃO. No entanto, a situação de Arthur do Val, que hoje faz oposição ao presidente Jair Bolsonaro, se complicou no mês passado, quando houve o vazamento de áudios nos quais ele fala sobre as mulheres da Ucrânia em meio à invasão russa ao país.

“São fáceis, porque elas são pobres. E aqui minha carta do Instagram, cheia de inscritos, funciona demais. Não peguei ninguém, mas eu colei em duas ‘minas’, em dois grupos de ‘mina’. É inacreditável a facilidade”, disse, em um dos áudios.

“A fila das refugiadas, irmão. Imagina uma fila de sei lá, de 200 metros ou mais, só deusa. Sem noção, inacreditável, é um bagulho fora de série. Se pegar a fila da melhor balada do Brasil, na melhor época do ano, não chega aos pés da fila de refugiados aqui”, afirmou em outro.

As afirmações motivaram a abertura de um processo de cassação, que segue em andamento mesmo com a renúncia. Agora, o que será analisada pelos deputados no plenário é uma possível inelegibilidade do deputado.

“Estou sendo vítima de um processo injusto e arbitrário dentro da Alesp. O amplo direito à defesa foi ignorado pelos deputados, que promovem uma perseguição política. Vou renunciar ao meu mandato em respeito aos 500 mil paulistas que votaram em mim, para que não vejam seus votos sendo subjugados pela Assembleia. Mas não pensem que desisti, continuarei lutando pelos meus direitos”, afirmou o deputado, ao renunciar.

As falas de Arthur também repercutiram na Câmara de Americana, que aprovou uma moção de repúdio contra ele. O documento tinha sido elaborado pela Procuradoria Especial da Mulher. Contou com as assinaturas das vereadoras Professora Juliana (PT), Leonora Périco (PDT) e Nathália Camargo (Avante).

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