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A história de um dos arquitetos do Parque Inclusivo de Americana

Americanense que venceu um câncer e tem o propósito de correr ao menos 1 km por dia é um dos arquitetos responsáveis por projeto inclusivo

Por Jucimara Lima

09 de setembro de 2024, às 07h38 • Última atualização em 09 de setembro de 2024, às 11h07

Arquiteto acredita que ser PCD o ajudou a entender melhor as reais necessidades de acessibilidade - Foto: Leonardo Matos_Liberal

Nenhuma dificuldade enfrentada por Elbert Palombino, de 26 anos, foi suficiente para pará-lo. No início do ano, sua história viralizou nas redes sociais, destacando-o como um atleta amputado que se dispôs a correr 1 km por dia durante 2024. Embora muitas pessoas tenham achado a iniciativa incrível, esse desafio está longe de ser o maior de sua vida.

Arquiteto e urbanista, Elbert trabalha desde que era estagiário em um dos principais escritórios da cidade, a Pedro Camargo Engenharia & Projetos, que acaba de assinar o projeto do parque inclusivo da Associação Projeto Vida Especial, no Jardim Terramérica, em Americana, um trabalho ousado que, quando concretizado, deverá se tornar uma referência nacional.

“É o meu maior projeto e também o que mais me deu satisfação, porque não farei a alegria de apenas uma pessoa ou um casal, mas de muitas famílias. Acho que o papel do arquiteto é transformar sonhos em realidade, e, neste caso, são muitos sonhos”, comenta.

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Parque Inclusivo

O convite para participar do projeto veio da designer de interiores e proprietária do escritório Silmara Camargo. “Ela simpatizou com a ideia e me convidou para fazer parte. Foi muito desafiador porque quase não existem referências”, explica.

Com mais de 30 atrativos inclusivos, vagas especiais de estacionamento adaptadas e espaço para expansão, a iniciativa pretende beneficiar cadeirantes, crianças com dificuldades de mobilidade, autistas e PCDs (Pessoas com Deficiência) em geral.

Totalmente inclusivo, o parque contará com muro, horta e outros espaços sensoriais para atividades ao ar livre, casa na árvore, rapel, escalada, tanque de areia, brinquedos infláveis, brinquedos de água, escorregador, salas de atividades pedagógicas, terapia, teatro e canto, pista de caminhada, brinquedos adaptados, quadra de esportes, além de tenda e um salão. “A tenda será o coração do parque, um lugar de onde os pais poderão ver os filhos brincando. Já no salão, onde ocorrerão os atendimentos, teremos uma cozinha de apoio e banheiros adaptados.”

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Inclusão

Para Elbert, o fato de ser uma pessoa com deficiência facilitou a compreensão das reais necessidades de acessibilidade.

“Se eu tivesse desenhado antes, teria um olhar comum. Por mais que se fale sobre inclusão, ela está em criar ambientes para que essas pessoas não se sintam diferentes das outras. Que elas possam, de fato, fazer o que as outras pessoas fazem”, diz. “Acredito que este parque, por ser adaptado, despertará nas crianças uma sensação de pertencimento. Elas se sentirão em casa.”

Elbert encontrou toda a força que precisava no amor e apoio da esposa Jéssica – Foto: Arquivo Pessoal

Histórico

Filho de família humilde, Elbert cresceu em um bairro na região da Praia Azul. Bom aluno, sonhava em cursar arquitetura e urbanismo, mas, devido às condições financeiras, optou por engenharia elétrica. Dois anos depois, conseguiu ingressar na Faculdade Anhanguera com 100% de bolsa, graças à nota do Enem. Em maio deste ano, depois de sete anos, conseguiu pegar seu diploma. “A faculdade durou mais que o normal por conta do câncer.”

Em 2022, Palombino descobriu o tumor que o levou a perder a perna direita. “O médico disse que eu precisaria amputar porque a massa tumoral era muito grande e não havia outra opção. Foi um grande baque para mim, um momento de dor e desespero, mas com a ajuda da minha esposa, que é psicóloga e uma grande guerreira, logo consegui ressignificar tudo.”

Hoje, ele se considera uma pessoa melhor. “No início, fiquei revoltado, mas sou religioso e evoluí muito com toda essa experiência. Digo que minha deficiência foi o encontro com meu propósito.”

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Acreditando que nada é impossível, atleta sonha um dia ir para os Jogos Paralímpicos – Foto: Arquivo Pessoal

Desafio

Elbert voltou ao esporte em 2023, inspirado pelo Projeto Propósito do maratonista Hugo Farias. “Quando soube que ele estava correndo uma maratona por dia, pensei: se ele pode, eu também posso.”

Outra inspiração para o jovem é a história do atleta PCD de Limeira Douglas Robinho. “Ele corre de muletas, mas minhas primeiras tentativas foram frustrantes porque doía muito, e cheguei a pensar que não era para mim.”

Ainda assim, ele não desistiu, e no dia 1º de janeiro de 2024 aceitou a proposta da irmã, que lhe apresentou o “Desafio 366 Dias Corrida no Ar”, que consiste em caminhar ou correr 1 km por dia. “Passei por ciclos de quimioterapia e até uma cirurgia para a retirada de dois tumores, mas estou conseguindo manter a meta, porque as pessoas me incentivam e sinto que inspiro elas, então, não posso parar”, comenta.

Para ele, a palavra “impossível” não existe. Assim, mantém vivo o sonho de ser um atleta paralímpico, mesmo contrariando as probabilidades. “Um médico chegou a me dizer que não seria possível, mas há um caso semelhante ao meu nos EUA, onde uma pessoa usa uma prótese especial e consegue. Então, impossível não é.”

Até 2025, Elbert pretende correr uma meia maratona. Atualmente, já se arrisca em corridas de 10 km e tem como um de seus objetivos completar um ultraman.

Para quem desejar ajudar o arquiteto/atleta, uma maneira é contribuir com sua vaquinha online, no site vakinha.com.br, criada com o objetivo de comprar uma prótese, que custa R$ 148 mil.

Já para quem quiser continuar acompanhando a história do jovem americanense, o Instagram dele é @elbertpalombino. 

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