Cotidiano & Existência
Pequenas mortes
Por Gisela Breno
18 de junho de 2024, às 17h57 • Última atualização em 19 de junho de 2024, às 09h03
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No tapete de nossa existência, cada fio um é um fragmento de quem somos. Nessa trama, se entrelaçam experiências, lembranças, sonhos, conquistas, derrotas, tecidas ao longo da nossa breve passagem pelo Universo.
Somos os fiandeiros dessa bela e singular tapeçaria, urdida em momentos de alegrias mas igualmente naqueles, que dilaceram a alma, pois rompendo-se os fios , responsáveis por partes importantes de nosso ser, deixam um vazio que só o tempo pode preencher.
Cada pequena morte é uma despedida silenciosa de quem um dia fomos. É o adeus a um sonho que não se realizou, a um amor que se perdeu nas curvas do destino, a um amigo que partiu para um caminho diferente e as mais dolorosas, as que levaram para a eternidade, pessoas amadas.
Essas mortes trazem consigo uma dor ,que sussurra ao invés de gritar. Elas nos lembram da impermanência, da fragilidade das conexões e da brevidade da vida.
Mas, como Prometeu acorrentado, um novo amanhecer nos é dado, para que as cicatrizes nos lembrem , que a vida segue apesar das nossas dores até que chegue, inevitavelmente ,o dia da nossa Grande Morte.
Professora, Gisela Breno é graduada em Biologia na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e fez mestrado em Educação no Unisal (Centro Universitário Salesiano de São Paulo). A professora lecionou por pelo menos 30 anos.