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Americanense PCD constrói maquete de navio inspirada em transatlânticos históricos

Para o feito, Octávio Augusto Azanha, de 27 anos, usou quase cinco mil palitos e se inspirou em dois navios: o Titanic e o Lusitania

Por Jucimara Lima

15 de janeiro de 2024, às 08h47 • Última atualização em 16 de janeiro de 2024, às 11h56

Após feito, o fã de Lego e Minecraft, agora planeja fazer um castelo - Foto: Marcelo Rocha/Liberal

Nomeado por seu criador como “Palitânia”, um navio de 1,55m, construído apenas com cola, palitos, guache e barbantes, a maquete do transatlântico produzida pelo porteiro Octávio Augusto Azanha, de 27 anos, morador do bairro Mathiensen, em Americana, chama atenção pela dimensão, peso e principalmente pelos detalhes, como as quatro chaminés ou as luzes de bordo.

O projeto resulta de um desejo antigo, despertado na infância por um brinquedo e reforçado na adolescência quando conheceu o jogo Minecraft. “O Lego era muito caro e minha família não tinha condições de comprar, então, pensava em fazer algo com palitos”, recorda.

Muito ligado ao mundo da imaginação, Octávio sempre gostou de desenhar, pintar e criar histórias. Fã de Harry Potter, é nesse personagem que ele encontra inspiração para suas narrativas. Contudo, o estímulo para criar uma embarcação utilizando 4,9 mil palitos ele buscou em dois grandes navios britânicos, que curiosamente ficaram conhecidos por suas trágicas histórias de naufrágios: o Lusitania, que afundou em 1915, e o emblemático Titanic, naufragado três anos antes.

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A história do Palitânia

Palitânia faz parte de um enredo vivido na cidade fictícia de Palitópolis. O personagem principal é um garoto, filho de marceneiro, que utiliza as farpas de madeira para criar um mundo imaginário e fugir da solidão. Depois que cresce, o garoto deixa as criações de lado. A partir daí, essas criaturas se unem para construir um navio e embarcar em uma aventura atrás do garoto.

O Palitânia real foi produzido entre março e dezembro. “Ele está basicamente finalizado, mas sempre tem algum ajuste para fazer”, conta Octávio. “Ele é todo customizado. No interior, tem cômodos, espaços especiais e as portinhas abrem e fecham, a partir de uma engrenagem. Além disso, ele conta com terraço e as chaminés são quatro, como as dos Titanic”, acrescenta.

Octávio diz ter assistido a Titanic, de James Cameron, mais de 500 vezes. “Vi todos os documentários sobre o navio e tudo aquilo me encantou muito”, revelou.

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Por trás do navio

Quando nasceu, Octávio precisou passar por uma cirurgia cardíaca. Entre as sequelas que ficaram, uma paralisia na perna direita o tornou um PCD (Pessoa com deficiência). Na primeira infância, ele diz ter sofrido muito bullying na escola, a ponto de não querer ir às aulas, especialmente pela dificuldade de aprendizagem. “Eu não sabia qual era o meu problema, eu tentava aprender, mas eu desaprendia, então, eu perdia o controle, sabe? Eu tinha medo de tudo. Tinha medo de pessoas, ficava em choque. Não conseguia me relacionar”, contou.

Diagnosticado com depressão e síndrome do pânico, Octávio acredita ter algum grau de Transtorno do Déficit de Atenção. “Fui lutando contra isso. Eu luto até hoje, sei que o problema de aprendizagem vai me acompanhar pelo decorrer da vida, por isso tento conviver com ele”, reflete.

Octávio Augusto Azanha, de 27 anos, usou mais de 4,9 mil palitos para recriar o navio – Foto: Marcelo Rocha/Liberal

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Apae

Por não conseguir se adaptar em escolas comuns, aos 8 anos, Octávio foi encaminhado para a Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Americana, onde concluiu o ensino fundamental. Após muitas passagens de superação, ele faz parte do Programa Mercado de Trabalho/Emprego Apoiado, da entidade, e há sete anos trabalha na portaria da Tecelagem Jolitex, em Nova Odessa.

Vida Real

Empenhado, Octávio divide o tempo entre o trabalho, a criação de suas histórias e um canal no YouTube (Ninja Games Fast), que ele utiliza tanto para jogar videogame quanto compartilhar suas experiências de vida. “Acho importante falar sobre esse problema de não ser muito aceito pela sociedade. Eu sei o que é, então eu posso falar. Quero motivar as pessoas a melhorarem”, explica.

O próximo projeto de Octávio é fazer um castelo. “Ele será enorme. Quero modelar o interior e fazer não só a representação dos cômodos, como as coisinhas dentro, os móveis. Além disso, também quero usar outros materiais, pois os palitos não são o limite.”

Por fim, ele sugere: “escreve que estou aceitando encomendas.” Assim sendo, mais informações no Instagram @octavio_azanha. 

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