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Exemplo de como tornar 1% de chance em 100% de realizações

Portador de uma malformação congênita na coluna, garoto contraria diagnóstico

Por Jucimara Lima

21 de agosto de 2022, às 12h29

Aos 12 anos, Pedro Henrique Delafiori Vaz, o Pepê, leva uma vida praticamente igual a de todos os garotos de sua idade, com a diferença de que sua dedicação às atividades físicas acaba superando um pouco à da maioria. Apaixonado por esportes, ele joga vôlei, beach tennis, basquete, natação e, principalmente, futebol, já que desde os 8 anos treina como goleiro na Escola de Futebol do Corinthians.

Dedicado aos treinos de futebol, Pepê ama esportes – Foto: Marcelo Rocha – Liberal.JPG

Como se tudo isso já não bastasse, ele faz musculação três vezes por semana, é focado na fisioterapia e há pouco tempo surpreendeu seus seguidores nas redes sociais ao compartilhar um vídeo surfando.

“Foi uma sensação maravilhosa. Nunca tinha surfado em prancha grande, sempre naquelas pranchinhas de brincadeira. A primeira vez fui de joelhos e da última, em pé”, comenta ele orgulhoso.

Extremamente satisfeitos com o caminho que o primogênito tem trilhado, os empresários Patrícia Freitas Vaz, de 38 anos, e Anderson Vaz, de 44, relatam que toda a tranquilidade que sentem hoje em relação ao filho foi algo que eles construíram ao longo do tempo. “A maior vitória do Pepê é vencer as limitações dele, com força e coragem”, comenta a mãe.

O baque. Antes mesmo de nascer, Pedro Henrique foi diagnosticado com a mielomeningocele, uma malformação congênita na coluna vertebral. Essa condição expõe as meninges, a medula e tecidos nervosos, o que representa um grande risco para o desenvolvimento neural. O diagnóstico veio aos oito meses de gestação, quando em uma consulta de rotina o médico percebeu haver algo diferente.

“Fizemos o exame morfológico, que é aquele que se faz no início da gestação, e nele descobrimos o mielo. Eu já havia feito esse exame outras duas vezes, mas não tinha dado nada”, se recorda Patrícia.

Como o bebê já estava muito desenvolvido, não foi possível saber qual era a real situação. “Os médicos diziam ser algo muito sério, que precisava esperar nascer para saber quais as consequências, mas que provavelmente ele teria uma série de problemas, que não andaria e poderia até não sobreviver”, comentam os pais, que tiveram pouco mais de um mês para se prepararem emocionalmente para o momento do parto.

Com 39 semanas, Pedro veio ao mundo de cesárea, pesando 3,5 kg e medindo 49 cm. Patrícia estava tão abalada emocionalmente que acabou precisando receber oxigênio no pós-parto. Por outro lado, Anderson foi o primeiro da família que viu o garoto.

“Senti uma tranquilidade inexplicável quando olhei para o Pedro, porque chegaram a nos preparar para o pior, aí quando ele nasceu, a situação era melhor do que se imaginava”, contou o pai.

Primeiras Vitórias. Aos 10 minutos de vida, Pedro foi encaminhado para o centro cirúrgico onde passou por uma cirurgia para fechar a coluna vertebral. Prevista para durar até 4 horas, em 30 minutos a cirurgia dele já foi finalizada com sucesso.

Após receber alta, começava a batalha da família para que o garoto não precisasse colocar uma válvula no cérebro, uma consequência comum para bebês com hidrocefalia. O procedimento se faz necessário para redirecionar o excesso de líquido do ventrículo do cérebro para outra parte do corpo.

“Nós não queríamos que o Pedro colocasse a válvula por conta da limitação em sua qualidade de vida. Graças a Deus, ele não precisou. Os médicos não acreditavam, mas o organismo dele se recuperou espontaneamente, então, foi uma coisa de Deus”, refletem os pais.

Vida que segue. Ao longo da vida, Pedro passou por algumas cirurgias para corrigir problemas ortopédicos, mas fora isso, leva uma vida normal, porém muito agitada.

Segundo os pais, o garoto faz parte do 1% das pessoas com mielo que consegue andar. Assim, embora ele tenha uma diferença de tamanho de 6 cm de uma perna para a outra, o garoto é uma exceção, além de ser exemplo de superação e fé.

IMG_6295.JPG – Foto:

Aliás, falando em fé, quando tinha sete anos, nasceu a irmãzinha Lis Maria, hoje com 4 anos, fruto de um sonho dele.

“O Pepê sempre pedia sua Maria. Eu tinha medo de ter outro filho, não por conta da deficiência, mas para não abrir mão de focar nele. Por fim, ele e o Anderson me intimaram e quando fiquei grávida, o Pepê foi o primeiro a saber, inclusive, ele falou que nem precisava de ultrassom porque Deus tinha mostrado para ele que era menina”, lembra.

Compartilhando histórias. Para compartilhar as experiências da família ao longo dessa jornada, os pais criaram o Instagram @pepevazoficial. “Sempre falo para os pais não ouvirem apenas um diagnóstico e que diagnóstico não é destino”.

Para eles, interagir nas redes sociais foi a forma que encontraram para ajudar outros pais. “Muitos, acabam travando diante das situações. Outros criam os filhos achando que serão só para eles e não é assim. Precisamos preparar as crianças para a vida, porque afinal, as coisas não serão fáceis para eles e pais não vivem para sempre”, comentam. Grato, o garoto afirma que só é como é devido à dedicação dos pais. “Tudo que sou é graças a eles”.

Inteligente, falante e muito simpático, atualmente, Pepê está namorando, mantém o contato com amigos no Brasil todo (que ele foi fazendo pela internet e nas viagens que costuma fazer com a família) e sonha seguir duas carreiras: piloto de avião ou jogador de futebol. Para isso, ele faz curso de aviação e treina com muito empenho. “Meus amigos dizem que não sabem como eu faço tantas coisas. Eu digo para eles: basta ter vontade e fazer”, simplifica o garoto, abrindo o sorriso. 

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