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Histórias do Coração

Camila e Murillo

A história de amor da Camila e do Murillo mostra que amar é também reforçar a existência do sublime. É acreditar que um sentimento tão grandioso pode surgir como um déjà vu quando, desavisados, só queremos um copo de água

Por Carla Moro

30 de maio de 2021, às 09h22 • Última atualização em 30 de maio de 2021, às 10h12

O déjà vu é uma expressão francesa que representa um estranhamento, uma sensação de já ter visto ou vivido alguma vez uma situação do presente. O déjà vu surge inesperadamente enquanto vemos um filme ou visitamos um lugar novo, por exemplo. Por um milésimo de segundo, nos perguntamos: “eu já estive aqui antes?” ou “eu já conheço essa pessoa?”.

No dia em que a Camila conheceu o Murillo, ela teve a nítida sensação de um déjà vu; como se aquele lugar e aquelas pessoas, estranhamente, já fizessem parte da sua vida em outro momento, embora fosse a primeira vez que ela estivesse lá. E o “lá” a que me refiro era a cozinha da casa da irmã do Murillo.

Em 2015, a Camila resolveu vender a casa que ainda estava construindo e acabou ficando amiga da corretora que fez a venda. Por dois anos, essa nova amiga insistiu para que elas se encontrassem para um café. A rotina de trabalho pesada da Camila impediu que ela aceitasse de pronto o convite, até o dia 21 de outubro de 2017.

Nesse dia, ela finalmente foi até a casa da amiga para um café. Enquanto as duas estavam paradas na cozinha, o Murillo entrou para pegar um copo de água. Foi a primeira vez que eles se viram. O interesse mútuo e instantâneo fez com que o futuro casal passasse o resto da tarde conversando.

Camila e Murillo – Foto: Arquivo Pessoal

“Deixar de casar com a Camila seria o maior erro da minha existência”, e essa história é uma história de acertos. Quando os dois me contam que o amor é sublime, bem, como eu posso duvidar?

Encontrar o amor da vida na cozinha da própria casa enquanto se vai buscar um copo de água só pode ser mesmo da ordem do sublime. Ou reencontrar esse amor da vida, como me diz a Camila. O momento de déjà vu que ela teve parada na cozinha e depois enquanto conversavam durante a tarde só podia ser sinal de um reencontro: de almas, de vida, de desejos.

A Camila é cerimonialista de casamentos e já presenciou e organizou uma série deles. Quando ela e o Murillo ficaram noivos, em 14 de julho de 2019, eles não podiam imaginar tudo o que aconteceria no ano seguinte. Como muitas outras noivas, a Camila precisou reorganizar o próprio casamento e, também, o de suas clientes. Em uma dessas mudanças, uma de suas noivas remarcou o casamento justamente para a data que a Camila e o Murillo também tinham escolhido.

Quando escolheram a data, 12 de julho de 2021, este casal estava ajoelhado no chão da sala do apartamento onde moram juntos. Juntos também fizeram uma oração. Havia três opções de dias, três opções de meses e duas opções de ano. O acaso pode ter determinado a data enquanto, juntos, eles sorteavam número a número, mas essa história é uma história de acertos. É uma história do sublime.

A noiva cliente, faltando um mês para o casamento, resolveu desmarcar. Assim, um mês atrás, a Camila, que tinha desistido da sua data para acompanhar a cliente, acabou tendo de volta o dia que ela e o Murillo sortearam juntos.

A história de amor da Camila e do Murillo mostra que amar é também reforçar a existência do sublime. É acreditar que um sentimento tão grandioso pode surgir como um déjà vu quando, desavisados, só queremos um copo de água, mas o sublime acaba nos dando mais: ele nos dá o amor da nossa vida.

Carla Moro

Formada em Letras pela Unesp, Carla Moro faz neste blog um registro da trajetória dos casais! Quer sugerir sua história para a coluna? Envie um e-mail para colunahistoriasdocoracao@gmail.com