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Setembro amarelo

Metade dos pais não percebe sinais de comportamento suicida nos filhos

Falha de percepção pode resultar em intervenções tardias ou inadequadas, aumentando os riscos

Por Ana Carolina Leal

22 de setembro de 2024, às 09h01 • Última atualização em 22 de setembro de 2024, às 09h03

A intervenção precoce, com ajuda profissional e apoio familiar, é fundamental - Foto: Adobe Stock

Entre 2011 e 2022, o índice de suicídio entre jovens no Brasil cresceu 6% ao ano, enquanto as notificações de autolesões entre aqueles de 10 a 24 anos aumentaram 29% anualmente. Os números, superiores aos da população geral, destacam o aumento da vulnerabilidade entre jovens. Os dados são de um estudo realizado pelo Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) da Bahia em colaboração com pesquisadores de Harvard.

Um fator preocupante, segundo especialistas, é a dificuldade dos pais em reconhecer os sinais de alerta nos filhos. Uma pesquisa europeia publicada na European Child & Adolescent Psychiatry revelou que 50% dos pais não percebem comportamentos suicidas em seus filhos.

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Nos EUA, 45% das famílias não reconhecem a gravidade dos sintomas dos adolescentes, conforme estudo do Journal of Adolescent Health. 

Segundo a psiquiatra Danielle Admoni, pesquisadora e supervisora na de Psiquiatria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), é comum que os pais confundam sinais de sofrimento mental com as transformações típicas da adolescência.

Essa falha de percepção pode resultar em intervenções tardias ou inadequadas, aumentando os riscos. Além disso, um estudo dinamarquês revelou que 46,5% dos adolescentes que tentam suicídio realmente desejam morrer, desafiando a ideia de que essas tentativas são meros pedidos de atenção.

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A psicóloga Monica Machado, fundadora da Clínica Ame.C, destaca que a adolescência é um período de intensas mudanças físicas e emocionais. “Ainda que o suicídio esteja associado a uma complexa interação de fatores psicológicos, biológicos e genéticos, bem como culturais e socioambientais, há alguns aspectos que prevalecem nessa tomada de decisão, e os pais precisam se atentar a eles”, alerta. 

O bullying também é um fator de risco significativo. A OMS aponta que o bullying aumenta em 2,7 vezes o risco de suicídio em adolescentes. O Journal of Maternal and Child Health destaca que milhões de jovens sofrem bullying ao redor do mundo, e a psicóloga Danielle alerta para o impacto devastador dessa violência, seja física ou psicológica.

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“Daí a importância da percepção e intervenção dos pais na saúde mental dos filhos. A falta do diálogo e a interpretação errônea dos sinais apresentados corroboram para o comportamento suicida iminente”, enfatiza Danielle.

Sinais – Mudanças no sono, apetite, queda no rendimento escolar e automutilação são sinais importantes que podem indicar sofrimento emocional em jovens. Comentários pessimistas e dores sem causa aparente também são alertas de problemas como depressão.

Segundo as especialistas Monica Machado e Danielle Admoni, a incapacidade de gerir emoções leva muitos jovens a se automutilarem, com 70% deles eventualmente tentando suicídio.

A intervenção precoce, com ajuda profissional e apoio familiar, é fundamental. Estar presente, evitar julgamentos e buscar ajuda médica são passos essenciais na prevenção ao suicídio, alertam as especialistas.

Ajuda –  Se você ou alguém que conhece estiver em sofrimento intenso ou crise suicida, entre em contato com o CVV (Centro de Valorização da Vida) no número 188 ou busque um serviço de atendimento em saúde mental na região – no SUS (Sistema Público de Saúde), como as UBSs (Unidades Básica de Saúde) e os CAPSs  (Centros de Atenção Psicossocial).

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