De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço os tumores (cabeça e pescoço) devem atingir de 35 a 40 mil pessoas em 2020.

Murilo Neves Cirurgião de Cabeça e Pescoço membro da SBCCP e professor afiliado da UNIFESP explica que os tumores de cabeça e pescoço são uma denominação genérica do câncer que se localiza em regiões como boca, língua, palato mole e duro, gengivas, bochechas, amígdalas, faringe, laringe (onde é formada a voz), esôfago, tireoide e seios paranasais.

Apesar de ter aumentado o número de mulheres atingidas pela doença, os homens ainda são os mais afetados, principalmente pelo maior consumo de tabaco e bebidas alcoólicas.

Esse tipo de câncer é o segundo tumor maligno mais frequente entre os homens brasileiros, atrás somente do câncer de próstata – serão 11 mil novos casos de câncer de boca e aproximadamente 6,5 mil novos casos de tumores na laringe. Já o câncer na tireoide é o quinto mais comum entre mulheres e deve registrar 12 mil novos casos em 2020.

O médico explica que a vigilância ativa e exames periódicos são primordiais para prevenção, “nos estágios iniciais o câncer de cabeça e pescoço é altamente tratável e apresenta boa taxa de cura. Já nos estágios mais avançados, o tratamento torna-se muito complexo dificultando muito a resolução da doença”, explica.

A campanha de conscientização e prevenção quer alertar sobre a importância do autocuidado – com o lema ‘Seu corpo é sua vida. Não o destrua!’, traz o protagonismo a cada indivíduo sobre os fatores de risco. O tratamento mexe com a estética facial, com a deglutição, alimentação, com a fala e a voz. Daí a importância do diagnóstico precoce, para preservar esses órgãos e propor tratamentos mais adequados.

Para ter mais chance de um diagnóstico precoce, é preciso procurar logo um médico a qualquer sinal diferente no corpo, como uma ferida na boca que não cicatriza por mais de 15 dias, dificuldade ou dor para engolir, ou a voz ficar rouca por muito tempo.

Faz parte também da prevenção evitar os fatores de risco. Os principais são tabaco (incluindo o uso de cigarro comum, cigarro eletrônico e narguilé) e o consumo de bebidas alcoólicas.

Outro fator que merece atenção especial é a infecção pelo HPV (papilomavírus humano), que tem contribuído para o aumento na incidência do câncer de cavidade oral em jovens nos últimos anos. Esta é uma tendência mundial, também é identificada no Brasil, que pode ser revertida com o estímulo à vacinação e ao uso de preservativos.

TRATAMENTO
O tratamento para câncer de cabeça e pescoço é multidisciplinar e envolve diversos profissionais de Saúde. As opções dependem da localização do tumor primário, idade do paciente, presença de comorbidades e incluem intervenções cirúrgicas, sessões de radio e quimioterapia, além da utilização de medicamentos imunoterápicos em alguns casos.

Na maior parte das situações, a doença gera sequelas físicas, estéticas, psicológicas e funcionais irreversíveis, que prejudicam a qualidade de vida do paciente.