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PAIS E FILHOS

Exposição de crianças nas redes sociais precisa ser controlada

Compartilhamento exagerado de fotos e vídeos oferece perigos, segundo especialistas

Por Isabella Holouka

27 de novembro de 2023, às 10h12 • Última atualização em 27 de novembro de 2023, às 10h13

Quem convive com crianças sabe o quão espertas, fofas e divertidas elas podem ser e certamente já se rendeu à tentação de registrar momentos com elas. Embora seja muito natural para muitas famílias, especialistas afirmam que o compartilhamento dos conteúdos nas redes sociais precisa ser controlado sob o risco de ameaçar a segurança e causar prejuízos psicológicos devido à exposição não consentida.

“Antes, as pessoas tiravam fotos, revelavam e levavam com elas para mostrar. Hoje elas fazem isso através dos ‘stories’ do Instagram, de vídeos no Youtube”, compara Anderson Godoy, pai e psicólogo clínico especialista em psicoterapia corporal, com dez anos de experiência no atendimento a crianças, adolescentes e adultos em Americana.

O psicólogo clínico Anderson Godoy – Foto: Reprodução/Redes sociais

Segundo o psicólogo, é preciso reconhecer que a internet e as redes sociais fazem parte do nosso convívio em sociedade e que a vontade de compartilhar é esperada, mas também é necessário limites e cuidados.

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Os pais que desejam compartilhar fotos e vídeos de seus filhos podem tomar medidas protetivas para garantir que o conteúdo não seja usado para fins maliciosos. Por exemplo, é possível limitar o público de postagens para que apenas aqueles em quem você confia possam ver o conteúdo. Fotos e vídeos com nudez, mesmo que parcial, brincadeiras que causam constrangimento e informações pessoais precisam ser evitadas.

“Uma coisa é compartilhar uma vez ou outra para um grupo privado de pessoas, com familiares e amigos e só eles têm acesso. Outra coisa é fazer uma campanha de exposição com o seu filho. Muitas vezes são vídeos rápidos e espontâneos, mas que acabam mostrando o carro em que a criança anda, onde estuda e isso coloca em risco a vida dela”, afirma o psicólogo, que também comenta sobre as performances nos conteúdos.

“Pais que ensaiam e cobram para terem vídeos legais. Temos que tomar cuidado e ter limites”.

Sharenting

A exposição indevida de informações pessoais dos filhos menores em redes sociais é uma tendência crescente que vem sendo nomeada como “sharenting” – termo em inglês que combina as palavras share (compartilhar) e parenting (paternidade). O hábito é relativamente novo e, por isso, suas repercussões na vida futura das crianças ainda não são totalmente conhecidas.

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A exposição exagerada de informações sobre crianças representa uma ameaça à intimidade, vida privada e direito à imagem, como dispõe o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Somado a isso, todo conteúdo publicado na internet gera dados que, no futuro, podem ser desaprovados pelos filhos, por entenderem que sua vida privada foi exposta durante a infância.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) alerta para os perigos e impactos de longo prazo desse hábito na vida dos menores.

“A criança e o adolescente não devem ter vida pública nas redes sociais. Não sabemos quem está do outro lado da tela. O conteúdo compartilhado publicamente, sem critérios de segurança e privacidade, pode ser distorcido e adulterado por predadores em crimes de violência e abusos nas redes internacionais de pedofilia ou pornografia, por exemplo”, explica a coordenadora do Grupo de Saúde Digital da SBP, Evelyn Eisenstein.

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O coordenador do Grupo de Trabalho de Saúde Mental da SBP, o médico Roberto Santoro, alerta que o sharenting traz perigos objetivos e subjetivos ao desenvolvimento da criança: “Acho que a gente tem que partir primeiro de uma questão de princípio. A vida da criança não pertence aos pais. Eles são promotores do desenvolvimento da criança e do adolescente e têm que zelar por esse desenvolvimento, para que ocorra de uma maneira coerente e equilibrada, rumo a uma idade adulta em que a pessoa consiga se realizar plenamente de acordo com os seus potenciais”.Com informações da Agência Brasil.

Possíveis consequências do compartilhamento:

  • Perda de privacidade;
  • Problemas de saúde mental, como ansiedade ou depressão;
  • Transtornos alimentares, como anorexia ou bulimia;
  • Bullying e cyberbullying;
  • Possibilidade de roubo e fraude de identidade.

Não compartilhar

  • Dados de localização;
  • Nome completo e data de nascimento da criança;
  • Imagens de filhos não totalmente vestidos;
  • Informações sobre a escola que frequenta ou imagens com uniformes;
  • Fotos, vídeos ou detalhes sobre outras crianças.

Fonte: Agência Brasil

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