Cultura
Para revitalizar audiência das sete, Globo entrega em ‘Família é Tudo’ um arsenal de ideias para agradar ao público
Por Geraldo Bessa - TV Press
08 de maio de 2024, às 18h58
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De tão prolíficos e adaptáveis, alguns autores conseguem moldar o método e a inspiração de sua escrita de acordo com o que a emissora quer apresentar em uma novela. Geralmente, após algum fiasco, é comum que os executivos procurem histórias mais palatáveis e com grande potencial popular. Após a baixa repercussão de “Elas Por Elas”, por exemplo, a Globo tratou de escalar Mário Teixeira e a sua “No Rancho Fundo”, trama com referências nordestinas recheada de romance e humor, tudo bem ao gosto do tradicional telespectador das 18h.
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Com um público mais diverso e tradição pelas comédias mais aventureiras e escrachadas, a faixa das sete é um pouco mais difícil de se encomendar. Depois do resultado insatisfatório de “Fuzuê”, que derrubou os números do horário, a Direção de Dramaturgia da Globo pegou uma sinopse de Daniel Ortiz, cuja base era o sumiço de uma avó e seus desdobramentos, para montar “Família é Tudo”, produção que aglutina diversos arquétipos genéricos com o objetivo de agradar o maior número de pessoas possível.
Para orgulho dos executivos, a tática se mostrou certeira. Na receita da encomenda, Ortiz caprichou nas possibilidades a serem desenvolvidas na história. Como uma espécie de backup essencial caso alguma ideia não tivesse adesão do público, só de duplas românticas, o autor tem quatro: duas principais, formadas por Vênus e Tom, de Nathalia Dill e Renato Góes, e por Electra e Luca, de Jayme Matarazzo. E duas secundárias e voltadas para o humor, compostas por Andrômeda e Chicão, de Ramille e Gabriel Godoy. E por fim, com ecos do clássico latino “Betty, A Feia”, surge a junção improvável de Lupita e Júpiter, papéis de Daphne Bozaski e Thiago Martins. Todos os casais têm seus pontos de incoerência. Porém, a partir de uma boa escalação e direção de atores, impressiona o tanto que as apostas amorosas realmente funcionam em cena.
Muito influenciada pelo final de “Fuzuê”, a repercussão tímida dos primeiros capítulos de “Família é Tudo” já ficou para trás. Crescendo a cada semana, a audiência da atual novela das sete já é motivo de comemoração nos corredores da Globo. Quarta novela de Ortiz dirigida por Fred Mayrink, é nítido o bom entendimento entre o enredo e a confecção técnica das cenas.
Originalmente ator, Mayrink apresenta uma direção mais segura que o habitual. Pupilo do saudoso Jorge Fernando, Fred sempre privilegiou a condução do elenco em detrimento de uma assinatura estética mais arrojada. Agora, com uma trama recheada de ação e visual jovem, é visível o desprendimento do diretor com seus trabalhos do passado, entregando uma produção visualmente funcional, bem-acabada e com toques de originalidade. Novela das sete sem medo de ser novela das sete, “Família é Tudo” pode até ter histórias batidas, mas sabe entregar “mais do mesmo” de forma interessante e contemporânea, embalagem essencial para cair no gosto do público atual.
“Família é Tudo” – Globo – de segunda a sábado, às 19h20.