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Novela que revelou o desgaste da fórmula de Manoel Carlos, 'Viver a Vida' completa 15 anos de exibição

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
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Novela que revelou o desgaste da fórmula de Manoel Carlos, 'Viver a Vida' completa 15 anos de exibição

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Cultura

Novela que revelou o desgaste da fórmula de Manoel Carlos, ‘Viver a Vida’ completa 15 anos de exibição

O estilo contemplativo, os intermináveis cafés da manhã com diálogos inspirados e até mesmo a icônica personagem Helena começaram a dar sinais de desgaste

Por Geraldo Bessa - TV Press

06 de setembro de 2024, às 09h31 • Última atualização em 06 de setembro de 2024, às 09h32

A principal novidade em torno da divulgação de “Viver a Vida” era a presença de Taís Araújo no posto da protagonista - Foto: Divulgação

As ruas do Leblon, no elitista bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro, se tornaram o grande celeiro de ideias de Manoel Carlos. A partir de sucessos ambientados na região como “Por Amor”, “Laços de Família” e “Páginas da Vida”, e o autor passou a desenvolver um universo folhetinesco próprio, onde entrelaçava grandes histórias de amor e ódio sob um viés totalmente cotidiano.

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Manoel atravessou décadas com novelas bem semelhantes e que sempre tiveram boa aceitação do público. Entretanto, o estilo contemplativo, os intermináveis cafés da manhã com diálogos inspirados e até mesmo a icônica personagem Helena começaram a dar sinais de desgaste em “Viver a Vida”, novela que completa 15 anos de exibição neste mês.

“O ponto de partida desse trabalho foram as histórias de superação. Queria falar sobre figuras que conseguiram passar por grandes dificuldades e seguir em frente. Foi um projeto com erros e acertos, onde consegui desenvolver bem a mensagem inicial”, ressalta o autor.

Na trama, Helena e Luciana, personagens de Taís Araújo e Alinne Moraes, são duas supermodelos com personalidades completamente opostas. Enquanto a primeira é paciente e mais contida, a segunda é mimada e temperamental. O destino delas muda completamente quando Helena se envolve com Marcos, de José Mayer, pai de Luciana, um homem bem mais velho, que põe fim no casamento de 30 anos com Teresa, de Lília Cabral, para casar-se com ela. Durante um trabalho juntas na Jordânia, Helena é constantemente humilhada pela rival profissional e decide proibi-la de seguir viagem no mesmo carro que ela, fazendo com que Luciana tome um ônibus, no qual acaba sofrendo um acidente no deserto e ficando tetraplégica.

A principal novidade em torno da divulgação de “Viver a Vida” era a presença de Taís Araújo no posto da protagonista. Por iniciativa do próprio autor, a produção teve pela primeira vez uma Helena mais jovem e negra. A personagem, entretanto, acabou não agradando o público e nem a própria intérprete, que foi duramente criticada na época.

“Era uma oportunidade que tinha tudo para dar certo, mas não funcionou. Tive problemas com a personagem e não guardo boas lembranças. Agora vejo que foi um trabalho importante e que me fez ter jogo de cintura para momentos de adversidade”, avalia Taís.

Com uma nova condição física, Luciana fica com o coração dividido entre os gêmeos Jorge e Miguel, papel duplo de Mateus Solano. O relacionamento com Jorge entra em crise justamente por ele não saber como lidar com a nova situação da namorada. Ao mesmo tempo, Luciana acaba estreitando os laços com Miguel, médico bondoso que sempre foi apaixonado por ela e decide cuidar de seu caso pessoalmente.

“Luciana era uma pessoa extremamente difícil e que, inicialmente, despertou o ódio do público. Aos poucos, a personagem foi se humanizando e ganhando outros contornos. Foi um processo complexo, mas extremamente gratificante”, valoriza Alinne, que roubou a cena e acabou como protagonista absoluta de “Viver a Vida”.

Descoberto pela televisão após seu bom desempenho na minissérie “Maysa: Quando Fala o Coração”, Solano destacou-se ao interpretar os gêmeos que viviam em eterno clima de disputa. No meio da trama, obcecado por Luciana, Jorge tenta acabar com a carreira de Miguel o acusando de ter ultrapassado a ética entre médico e paciente. “Eu sabia que dois personagens me dariam muito trabalho. Mas a realidade foi muito além da expectativa. Gravava a mesma cena inúmeras vezes, por diversos ângulos e sempre com um dublê ao lado”, detalha o ator, que a partir deste papel foi alçado ao posto de galã da emissora.

Com elenco formado por nomes como Letícia Spiller, Thiago Lacerda, Giovanna Antonelli e Nanda Costa, entre outros, os bastidores de “Viver a Vida” são um símbolo de um tempo onde a Globo não fazia contenções para a ambientação de suas tramas. Com direção de fotografia de Affonso Beato, profissional renomado e parceiro de diretores como Pedro Almodóvar e Stephen Frears, as cenas iniciais da novela foram feitas em países como Jordânia, Israel e França.

Por fim, a trama se desenvolveu entre o famoso balneário de Búzios, no litoral fluminense, estúdios da Globo e locações no Rio de Janeiro. “Foram mais de 40 dias viajando entre as locações e fazendo cenas incríveis. Era minha segunda novela com o Manoel Carlos e o entendimento entre a gente foi incrível”, conta o diretor Jayme Monjardim.

A sintonia entre autor e diretor, infelizmente, não reverberou para o público. Nem mesmo a história de Luciana foi capaz de fazer com que a novela bisasse o êxito de títulos como “Mulheres Apaixonadas”, com repercussão abaixo do esperado pela Globo e audiência média de 35 pontos no Ibope. O autor, entretanto, enxerga um resultado positivo além dos números. “A questão dos cadeirantes foi amplamente abordada e discutida pela sociedade. Ganhei um prêmio da Unesco e diversas leis foram propostas. Fiquei muito satisfeito com esse trabalho”, assume Manoel Carlos.

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