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Cultura

Leitores brasileiros ‘descobrem’ audiobooks na pandemia

Otimização do tempo e possibilidade de conciliar o livro com outras atividades impulsionaram crescimento do setor

Por Marina Zanaki

02 de janeiro de 2022, às 08h48 • Última atualização em 02 de janeiro de 2022, às 08h51

Mesmo antes de ler seu primeiro livro, todo leitor se encantou com alguma história contada pelos pais ou avós. A transmissão da literatura pela narrativa oral, que evoca memórias de infância, chegou à era da tecnologia. Os audiolivros têm alcançado espaço no mercado e conquistado novos leitores.

A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, que acompanha o hábito de leitura desde 2001, adicionou pela primeira vez perguntas específicas sobre o consumo de livros em áudio em sua edição mais recente, realizada em 2019. Do total de 8.076 entrevistados, 20% responderam que já ouviram audiolivros.

O crescimento foi potencializado na pandemia. O Skeelo Audiobooks, serviço que disponibiliza audiolivros, viu a demanda disparar desde 2020.

Sócio-diretor da plataforma, Rodrigo Gabriel disse que o formato já é consolidado em outros países, mas o brasileiro descobriu recentemente os audiolivros.

Para ele, a possibilidade de otimizar o tempo e conciliar o livro com outras atividades, como dirigir ou fazer tarefas de casa, é um dos grandes responsáveis por esse sucesso.

“O entretenimento digital cresceu muito na pandemia, e o audiobook acompanhou. Na primeira onda da Covid-19, ninguém sabia ao certo como seria, as pessoas tinham medo de receber compras em casa. Teve então quem partiu para ebooks (livros digitais) e audiobooks. As editoras sentiram uma venda muito significativa, e o Skeelo deu um pico enorme”, revelou Rodrigo.

O crescimento não é exclusividade do Skeelo. A plataforma Tocalivros quadruplicou seu faturamento em 2020. A pesquisa Conteúdo Digital do Setor Editorial Brasileiro, apurada pela Nielsen Books, levantou que os conteúdos digitais, que incluem ebooks e audiolivros, viram o faturamento aumentar 43% em 2020.

O mecânico de manutenção Humberto de Souza Reque ouviu em 2021 dois livros de não-ficção e adorou a experiência – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

Morador de Santa Bárbara d’Oeste, o mecânico de manutenção Humberto de Souza Reque, de 48 anos, ouviu em 2021 dois livros de não-ficção. Ele adorou a experiência e agora quer comprar os audiolivros da série Harry Potter.

“Sabe aquela coisa que te remete à infância, da sua avó contando histórias? Vejo por esse lado, é gostoso ouvir alguém contando histórias pra você, acho incrível”, disse o mecânico.

Investimento

O custo de produção de um audiolivro é até 50% maior do que um livro físico, pois o processo envolve narrador, efeitos sonoros e estúdio. “Não tinha consumo que justificasse a produção, mas esse cenário mudou. Hoje, as grandes editoras já colocam no orçamento e lançam um livro nos três formatos: físico, ebook e audiobook”, contou o diretor do Skeelo.

Algumas obras são narradas inclusive pelo próprio autor, promovendo uma maior proximidade. Já há no mercado livros narrados pelo médico Dráuzio Varella, do filósofo Luiz Felipe Pondé, e as jornalistas Maria Beltrão e Izabella Camargo.

Outra vantagem é que os audiolivros são inclusivos com os leitores com deficiência visual.

Mas mesmo com todo o potencial, eles não têm pretensão de tomar o lugar dos livros. “Ficou claro que não vão substituir a mídia física, mas ser um complemento. Há momentos que o leitor quer deitar na cama, pegar o livro, sentir o cheiro do papel. E tem momentos em que quer otimizar”, diferenciou Rodrigo.

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