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Cultura

‘Falas de Acesso’ retrata a complexidade cotidiana de pessoas com deficiência

Inspirada no lema da ONU “Nada sobre nós, sem nós”, a diretora fez questão de montar uma equipe diversa e pronta para contribuir com muito ensinamento no especial

Por Geraldo Bessa - TV Press

22 de setembro de 2024, às 09h56

Falas de Acesso: Globo aposta em diversidade em especial contra preconceito; estreia dia 23 - Foto: Divulgação

Com bandeiras como inclusão, respeito e diversidade na ordem do dia, a Globo, desde 2020, vem se apropriando de importantes datas do calendário para colocar em prática o “Projeto Falas”. A iniciativa cria produções especiais com o objetivo de valorizar temáticas sociais relevantes, como a luta dos Povos Indígenas, equidade de gênero, valorização do idoso e movimento antirracismo. Em sintonia com a semana que marca o Dia de Luta da Pessoa com Deficiência, celebrado no dia 21 de setembro, a Globo exibe, na próxima sexta, dia 23, o especial “Falas de Acesso”, com direção artística de Patrícia Carvalho.

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Inspirada no lema da Organização das Nações Unidas “Nada sobre nós, sem nós”, a diretora fez questão de montar uma equipe diversa e pronta para contribuir com muito ensinamento no especial, que tem como missão ser didático e transformador.

“Nosso time de consultores com deficiência fez propostas provocativas justamente com a intenção de levar à reflexão e à mudança de comportamentos tão naturalizados. Estou orgulhosa de dirigir um especial que pode levar informação para espectadores que não convivem com pessoas com deficiência e sabem muito pouco deste universo”, analisa Patrícia.

Apresentada pela repórter do “Fantástico” Flávia Cintra, a produção foi idealizada por um time formado por Camila Alves, Haonê Thinar, Priscila Siqueira, Léo Castilho, Pedro Fernandes, Clara Kutner, Wanderley Montanholi, além dos diretores Daniel Gonçalves e Pedro Henrique França, e do influenciador Ivan Baron.

“Foi muito bacana ver o cuidado em garantir a representatividade de profissionais com deficiência em todas as camadas do trabalho. Já me senti parte do time nos primeiros minutos de conversa”, destaca Flávia.

Ao longo do programa serão exibidos experimentos sociais que envolvem questões de preconceito, capacitismo, experiência de não pertencimento e exclusão. Um dos experimentos representado pela atuação da comediante Tatá Mendonça. Pessoa com deficiência visual, ela pede que os participantes leiam mensagens recebidas no perfil pessoal de sua rede social. Diante de palavras agressivas e críticas gratuitas, os participantes vão ler, omitir o conteúdo e oferecer palavras de afeto e incentivo a ela.

“O momento que mais me marcou foi quando os entrevistados descobriram que estavam participando de um teste e, mesmo assim, continuaram contribuindo. Para mim, isso foi incrível. A transformação começou exatamente ali”, conta Tatá.

Um ponto observado por quase todos os profissionais envolvidos é que, geralmente, a narrativa de produções que abordam o cotidiano de pessoas com deficiência sempre se volta para o sentimento de piedade e a ideia de superação. Neste contexto, a missão do “Falas de Acesso” é abordar o tema de forma direta e sem melindres.

“No dia a dia, as pessoas não sabem como falar, e na tentativa de não serem mal-educadas, buscam palavras para atenuar a deficiência. Adjetivos como “portador”, “especial”, ou frases como: “nem parece”, “mal dá para perceber” são usadas para se dirigir a uma pessoa com deficiência. O que nos falta é letramento, saber o que dizer, entender que situações e palavras são capacitistas. Queremos ser didáticos e ninguém melhor do que as próprias pessoas com deficiência para nos ensinarem”, ressalta a diretora artística.

Levando em consideração seu pioneirismo e o espaço na grade da Globo, o programa aproveita para apresentar ao público o contexto histórico em torno do tema, mostrando os movimentos sociais, legislações e conquistas ao longo dos anos, em um passeio promovido pela especialista Izabel Maria Loureiro Maior, líder do movimento político das pessoas com deficiência, que participou dos debates da Assembleia Nacional Constituinte (1987-1988) e da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência pela ONU.

Por conta da linguagem e dos profissionais envolvidos na produção, Daniel Gonçalves, que divide a direção geral com Pedro Henrique França, acredita que o “Falas de Acesso” tem tudo para ser um marco midiático pela inovação na forma de retratar as pessoas com deficiência.

“Conseguimos fugir do estereótipo do coitadinho ou do arauto da superação. Nós, pessoas com deficiência, somos o grupo mais sub-representado de todos. A deficiência atravessa todos os outros grupos. Existem mulheres com deficiência, indígenas com deficiência, pessoas negras com deficiência, jovens e idosos com deficiência. E todos esses grupos estarão representados de alguma maneira no especial”, valoriza Daniel.

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