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'Cidade de Deus: A Luta Não Para' mostra 20 anos depois a ação do crime organizado e a rotina das comunidades - O Liberal

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
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'Cidade de Deus: A Luta Não Para' mostra 20 anos depois a ação do crime organizado e a rotina das comunidades - O Liberal

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Série

‘Cidade de Deus: A Luta Não Para’ mostra 20 anos depois a ação do crime organizado e a rotina das comunidades

Por MÁRCIO MAIO - TV PRESS

12 de setembro de 2024, às 16h59 • Última atualização em 12 de setembro de 2024, às 19h21

Lançada duas décadas após o icônico filme “Cidade de Deus”, de 2002, a série “Cidade de Deus: A Luta Não Para”, disponível no Max e exibida na HBO, traz um desafio e uma expectativa imensa. O longa original, dirigido por Fernando Meirelles e Kátia Lund, se tornou um marco não só do cinema brasileiro, mas também mundial, ao retratar de forma crua e impactante a realidade da vida nas favelas cariocas nos anos 1980. Agora, a série avança para 2004, trazendo de volta alguns personagens já conhecidos, enquanto atualiza a trama com novos rostos e dinâmicas ligadas ao crime organizado, como o crescimento das milícias.

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A série retoma a história de Buscapé, ou melhor, Wilson, interpretado por Alexandre Rodrigues, que se manteve fiel à essência do personagem. Ele agora é um fotógrafo premiado de um grande jornal do Rio de Janeiro e atua como narrador dos episódios. No entanto, o primeiro capítulo se arrasta um pouco ao se concentrar em apresentar a nova galeria de personagens. A trama ganha fôlego mesmo apenas com a chegada da festa de 15 anos da filha de Curió (Marcos Palmeira), chefe do tráfico da comunidade, e com o retorno de Bradock (Thiago Martins), recém-libertado da prisão e disposto a recuperar o que era seu.

Uma das maiores forças da série está em sua autenticidade ao retratar a vida em uma favela. E, assim como o filme, é um espelho da realidade de muitos que vivem sob a pressão da criminalidade, da disputa de poder no tráfico e, agora, da ascensão das milícias. Tudo isso afeta diretamente a vida do cidadão comum, reforçando a crítica social que o filme já trazia.

O elenco é, sem dúvidas, um dos pontos altos. Andréia Horta brilha na pele da manipuladora Jerusa, uma advogada astuta que move as peças do jogo para influenciar Bradock a enfrentar Curió. Sua química com Thiago Martins é evidente e, juntos, eles formam uma dupla fascinante. Marcos Palmeira, por sua vez, impressiona como Curió, exibindo uma versatilidade que o afasta completamente de seus papéis de latifundiário roceiro, nos remakes das novelas “Renascer” e “Pantanal”. Sua interpretação torna difícil não torcer por ele, mesmo sendo um bandido. Outro destaque é Luellem de Castro, que dá vida a Leka, filha de Buscapé. Tentando deslanchar como MC, ela enfrenta os estigmas de ser mulher, preta, de comunidade e funkeira. A atriz já havia mostrado seu talento em produções como “Encantado’s” e “Falas Femininas”, e aqui, mais uma vez, entrega uma atuação autêntica e um trabalho de composição denso.

Embora o primeiro episódio careça de um impacto imediato, é inegável que “Cidade de Deus: A Luta Não Para” tem bastante potencial. À medida que a trama se desenrola, o roteiro se mostra ágil. As cenas refletem alguns dos desafios do cotidiano das favelas. E as nuances das relações de poder em diferentes áreas ficam em destaque – na segurança pública, na política, no crime organizado e na própria comunidade, por exemplo. O texto e a direção não chegam a alcançar a mesma profundidade do filme. Mas propõem reflexões interessantes e bem pertinentes, especialmente às vésperas de eleições.

“Cidade de Deus: A Luta Não Para” – HBO – Domingos, 21h. Disponível também no streaming Max.

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