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Cansativo e sombrio, 'Renascer' desperdiça o potencial e serve de alerta para saudosismo da Globo - O Liberal

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
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Cansativo e sombrio, 'Renascer' desperdiça o potencial e serve de alerta para saudosismo da Globo - O Liberal

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Cultura

Cansativo e sombrio, ‘Renascer’ desperdiça o potencial e serve de alerta para saudosismo da Globo

Por Geraldo Bessa - TV Press

26 de julho de 2024, às 19h01

Muito além de uma onda saudosista, a principal função de um remake é apresentar uma obra clássica a um novo público. Na teoria, é claro que a Globo acredita que tal trama tenha ingredientes suficientes para fazer sucesso novamente. Na prática, entretanto, não é assim que as coisas funcionam. O sucesso de “Pantanal”, de 2022, animou a emissora a apostar em novas versões para a faixa das 21h, que até então estava livre deste revisionismo.

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A estreia de “Renascer”, no último mês de janeiro, foi cercada de expectativa. De fato, o texto de Bruno Luperi e a direção de Gustavo Fernandez conseguiram captar a aura do folhetim original e trazer o enredo para os dias atuais, ampliando as histórias e fortalecendo ainda mais os personagens. Além disso, foi feliz em fazer a transição entre as fases da trama, sem perda de qualidade artística e mantendo a coerência da história. Porém, seis meses depois, muito além da enrolação que o meio de qualquer novela tem, a história apresenta um cansaço fora do comum.

Em “Pantanal”, Bruno Luperi rezou fielmente pela cartilha do avô, Benedito Ruy Barbosa, mas em “Renascer” ele se deu ao luxo de também criar. O texto atual deu mais estofo a personagens antes muito secundários e investiu na atualização de temas polêmicos à época com coerência. Porém, a adaptação também acabou por diminuir o potencial da protagonista Mariana. Hoje vivida por Theresa Fonseca, o papel foi um divisor de águas na carreira de Adriana Esteves na versão de 1993. Mais realista e ponderada e menos vilã, a personagem perdeu o ar de ninfeta vingativa que tanto incomodou os críticos do passado. Junto com essa mudança, foi para o ralo também todo seu potencial popular.

Outro ponto que evidencia o cansaço de “Renascer” é a própria estética. Mesmo sem perder a qualidade, a fotografia da novela ambientada na quentura da Bahia insistiu em seus tons pastéis e contrastes de luz. O resultado é tão bonito quanto monótono. Dá a impressão de que o remake, além de querer se distanciar do original, também tem um pouco de vergonha em ser novela. Com tanto rebuscamento, a imagem procura um ar de cinema de arte enquanto o texto segue seu destino de folhetim. Essa falta de sintonia acaba entregando sequências mornas e que diluem todo o potencial dramático das situações.

Além da repercussão mediana, o resultado das escolhas da atual trama das nove já é perceptível na brusca queda de audiência, que em vez de fazer “Renascer” figurar entre os sucessos recentes do horário ao lado de “Pantanal”, pode fazer com que o folhetim fique mais próximo de produções como as problemáticas “Travessia” e “Um Lugar ao Sol”.

“Renascer” – Globo – de segunda a sábado, às 21h.

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