A contrário do que muitos pensam ou acreditam coragem não é ausência de medo, mas, ao contrário, é saber controlá-lo ao invés de ser dominado por ele. Os romanos costumavam atribuir a quem era medroso o adjetivo de pusilânime. Uma pessoa pusilânime era uma pessoa cujo medo a dominava, levando-a à inércia.

É certo afirmar que em um mundo remido por desafios e incertezas o medo faz parte. Sair da zona de conforto gera, em sua maioria, medo. Tememos o desconhecido e sentimos confortáveis com o conhecido.

Noutro giro de ideias também não podemos ignorar que a falta de medo também é preocupante. Se por um lado ser dominado pelo medo é prejudicial, não tê-lo também é danoso. Afinal de contas o medo também possui seu papel pedagógico, uma vez que faz ascender em nós o dispositivo de alerta.

É por ter medo de ser assaltado que vigio e sou cauteloso em minhas ações. É por ter medo de sofrer um acidente de trânsito que redobro minha atenção e não dirijo de forma inconsequente.

O medo faz com que não se viva de forma irresponsável, pueril ou imprudente. Acontece que uma coisa é o medo produzir atenção ou despertar em nós o senso de responsabilidade, a outra é gerar inércia.

Na Bíblia Sagrada, precisamente no Livro de Provérbios, capítulo 24 e versículo 10 está escrito: “Se te mostrares frouxo no dia da angústia, a sua força será pequena”.

Não é por menos que no Livro de Josué, capítulo 1 e versículo 9, contém a ordem divina: “Se forte e corajoso”!

Como não me mostro frouxo? Quando a despeito do medo, incertezas ou dúvidas que faz parte desta existência enfrento as dificuldades, os desafios e tais incertezas, ao invés de ficar em estado de inércia. 

Lucas Peres Torrezan
Advogado e professor de Direito