19 de maio de 2024 Atualizado 12:18

Notícias em Americana e região

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Artigos de leitores

Tragédia gaúcha e mudança no clima

Por Aline Radaelli

07 de maio de 2024, às 14h57 • Última atualização em 07 de maio de 2024, às 14h58

As chuvas e enchentes recordes no Rio Grande do Sul se configuram em uma tragédia, mas também (e novamente) em um alerta para as mudanças climáticas. Elas são uma realidade inegável e tendem a ganhar escala em termos de recorrência e intensidade. Os eventos climáticos extremos (chuvas acima da média, inundações, ondas de calor, temperaturas recordes, longos períodos de estiagem, dentre outros) poderão ser mais frequentes e mais potentes.

Minha família é gaúcha de Xarqueada, distrito do município de Putinga, ambas localizadas na região do Vale do Taquari, uma das áreas fortemente atingidas. Há quase 40 anos, meus pais, tios e tias foram acolhidos por Americana, permaneceram, fizeram morada e se tornaram americanenses de coração. Minha geração é americanense de nascença. Alguns de nossos familiares gaúchos permaneceram na região.

Quaisquer que sejam os nomes dados a esta realidade, ela definitivamente não é uma “crise”. Como bem contribui o antropólogo francês Bruno Latour, estudioso da interface ambiente e sociedade, “crise” é um termo que deixa subentendido que ela será eventualmente superada. Estamos caminhando de fato para uma mudança de todos os processos biogeoquímicos da Terra, muitos deles irreversíveis. E somente nós enquanto humanidade podemos formular as saídas para esta cilada que criamos, ao fim e ao cabo, a nós mesmos!

As eleições municipais deste ano, que irão eleger prefeitos, vices e vereadores são uma ótima oportunidade para influenciarmos a política local a respeito destes temas tão caros e urgentes. Há quantas anda a política ambiental de Americana? Há órgãos de pesquisa e monitoramento ambiental na cidade capazes de antecipar a ocorrência de eventos extremos e agir na precaução? A cidade tem um Plano Municipal de Mudanças Climáticas robusto? Ele foi elaborado de forma participativa escutando os cidadãos, e contendo ações claras, objetivas e factíveis para o enfrentamento às mudanças climáticas?

Esses são temas essenciais para subsidiarem nossas cobranças por ações ambientais junto aos eleitos e eleitas que servirão ao município no futuro. 

Aline Radaelli
Mestra e doutoranda em sociologia pela UFRGS. Trabalha com questões ambientais e mudanças climáticas junto a povos indígenas e comunidades do Amazonas há 11 anos

Colaboração

Artigos de opinião enviados pelos leitores do LIBERAL. Para colaborar, envie os textos para o e-mail opiniao@liberal.com.br.