25 de abril de 2024 Atualizado 23:44

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Editorial

Sommelliers de vacina

Postergar o momento da vacinação por preferir uma grife ou outra de imunizante é desconsiderar todo o esforço que tem sido realizado

Por Redação

11 de julho de 2021, às 08h00 • Última atualização em 11 de julho de 2021, às 08h05

Diante da agora possível e comemorada disponibilidade de imunizantes contra a Covid-19, há quem se sinta à vontade para escolher qual “grife” algum enfermeiro lhe injetará no braço, tal como o vinho a degustar em uma adega ou restaurante – são os chamados “sommeliers de vacina”. Com isso, algumas prefeituras, como a de Americana, têm tentado adotar medidas para coibir a prática, como a instituição de termos de recusa. Outras, inclusive, ameaçam mandar para o fim da fila quem aderir ao expediente.

Finalmente, mas com certo atraso, o País engatou uma marcha acima na vacinação, a única saída possível para uma pandemia que custou mais de 500 mil vidas e múltiplos reflexos sociais e econômicos. As notícias de falta de doses, por exemplo, têm se tornado menos frequentes, dando espaço para imagens de lotes sendo descarregados nos aeroportos ou nas unidades de saúde dos municípios dia após dia.

A ansiedade pela imunização, ainda que sem qualquer estímulo ou incentivo do governo federal, tem sido contida. Mas, junto da disponibilidade e da celeridade, vieram a ignorância e a total falta de empatia, comportamentos que não faltaram nos infindáveis meses desta crise sanitária inédita e histórica, lamentavelmente.

Pipocam os relatos de pessoas que negam uma vacina ou outra por motivos que, muitas vezes, sequer estão ligados às características técnicas ou de eficácia dos imunizantes. Rejeita-se a CoronaVac por ser da China ou a AstraZeneca por ter despertado mais reações que outras. É claro e transparente que há diferenças na formulação e em como cada vacina protege a população, ainda que muitos não tenham a mínima noção disso e se recusam a se informar, aderindo ao senso comum ou as malfadadas correntes de WhatsApp.

Mas postergar o momento da vacinação por preferir uma grife ou outra de imunizante é desconsiderar todo o esforço que tem sido feito para que a sociedade, a nação e todo o planeta saiam desta pandemia o quanto antes. Os dias que se espera pela vacina “ideal” podem ser fatais não para o “sommelier”, mas para pessoas em volta dele, para a continuação das fatalidades provocadas pelo vírus.

É preciso ter um senso de urgência e coletividade. As vacinas oferecidas, aprovadas pelas autoridades competentes, oferecem proteção suficiente para nos tirar desta crise. Não enxergar isso é tratar a imunização apenas como um ato individual. É egoísta e atenta contra a saúde de todos.

O Liberal

Neste blog, você encontra a opinião do Grupo Liberal por meio dos textos editoriais. Há mais de 70 anos, no coração e no espírito, compromisso com a verdade.