Foram diversas as vezes que as obras do Corredor Metropolitano atraíram políticos do governo estadual e seus aliados para Americana e Santa Bárbara d’Oeste. Cada ordem de serviço dada ou trecho finalizado era motivo para palanques. Mas o projeto que prometia ser um grande facilitador da vida da população que usa o transporte público parece ter sido frustrado por si mesmo.

Reportagem especial do LIBERAL deste domingo mostra como o Corredor Metropolitano se tornou subutilizado no traçado entre Americana e Santa Bárbara, com quilômetros de faixas exclusivas vazias de ônibus e estações de embarque e desembarque que não recebem passageiros – justamente, por que não há linhas que justifiquem alguém esperar pelo transporte por ali.

A obra milionária se viu ultrapassada pelos avanços do tempo, como o surgimento de novas formas de deslocamento e a fuga de passageiros do transporte público coletivo. Infelizmente, o Brasil – e não apenas a região – padece de um serviço de transporte público que seja atrativo aos usuários, e não apenas uma necessidade de quem não pode pagar por algo mais confortável.

Voltando ao contexto local, é uma pena que não se tenha notícia de qualquer discussão sobre a inutilidade do Corredor Metropolitano em Americana e Santa Bárbara. A pauta, que era motivo de tanto palanque anos atrás para prefeitos e vereadores, parece esquecida pelo Executivo e Legislativo.

A integração com as linhas urbanas, de responsabilidade dos municípios, poderia ser uma saída, ainda que complexa e pendente da concordância das concessionárias. Do contrário, as tais faixas exclusivas continuarão sendo ocupadas pelos milhares de veículos particulares que se somam todos os meses à já numerosa frota regional.

Não é possível que pareça normal que obra tão vultosa e midiática reste solenemente ignorada. É preciso uma solução para tamanho gasto de dinheiro público em um setor que é fundamental para o desenvolvimento das cidades. Que haja respostas.