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Cotidiano & Existência

Ranços

Na selva corporativa, palavras ou frases em inglês florescem como plantas exóticas na floresta amazônica

Por Gisela Breno

23 de agosto de 2023, às 10h46

Há meses estava como ouvinte numa reunião empresarial.

Que raio de epidemia invadiu o mundo corporativo?

Alastrando-se feito vírus altamente contagioso, esse (des) encontros se tornaram palco de lutas, onde o vencedor é o que, feito metralhadora, dispara mais clichês anglo-saxônicos.

Na selva corporativa, palavras ou frases em inglês florescem como plantas exóticas na floresta amazônica.

É budget, betworking, brainstorming, insight, job, branding, report, briefing., atirados para todos os lados, provocando ares de superioridade nos que, insistem em vociferar, feito papagaios, termos da terra de Shakespeare.

Aliás, são os mesmos que, incessantemente recheiam suas falas com alinhar, resiliência, empoderamento, performar, sinergia, ecossistema e, muitas vezes, dizem mais quando se deveria falar mas e perca em vez de perda

Mas como está na moda, mais e mais criaturas acabam dando perda total na língua portuguesa.

Educadamente, me dirijo a vocês, pedindo-lhes, encarecidamente que, se não estivermos em aulas de Inglês ou em ambientes onde não se fala nossa rica língua, me convidem para um encontro e não para um date; digam-me que haverá café e não coffee break; que você manterá contato e não keep in touch…

Nesse mundo globalizado, é fundamental ser fluente em outros idiomas, mas please, menos.

Gisela Breno

Professora, Gisela Breno é graduada em Biologia na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e fez mestrado em Educação no Unisal (Centro Universitário Salesiano de São Paulo). A professora lecionou por pelo menos 30 anos.