As fraturas provocadas pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19) na economia local demandarão um tratamento a longo prazo para que possam receber alta. Um tratamento convencional, à base de tala e gesso? Não será o caso. O diagnóstico é dos mais graves e coloca em perspectiva a necessidade de medidas igualmente complexas para a cicatrização das feridas abertas.

Em paralelo a esse cenário, no qual a ação de agentes governamentais é determinante para reposição da economia nos trilhos, a modificação do contexto de crise passará por ações individuais. A velocidade de raciocínio para diagnósticos que receitem medidas distintas das anteriores à quarentena, bem como para a compreensão da necessidade de modelos de trabalho igualmente distintos, fará a diferença para aqueles que tiveram suas posições chacoalhadas pela pandemia.

Neste sentido, há que se destacar números e histórias que sejam capazes de servir de bússola para entender o terreno onde se pisa.

O LIBERAL mostrou na edição de domingo que a abertura de empresas em Americana no mês de junho voltou ao ritmo que apresentava antes do início da quarentena, em março. Muito desse resultado passa pela criação de microempreendedores individuais, um processo que já ganhava espaço antes mesmo da invasão do novo coronavírus.

Trata-se de um modelo que colocou em situação regular trabalhadores que, fora do mercado formal, se equilibravam na corda bamba da plena informalidade, sem qualquer meio de controle da própria atividade.

Em um momento no qual o governo age na tentativa de suavizar a regulação trabalhista sob a justificativa de incentivar a criação de empregos, oferecer condições para que os pequenos prestadores de serviços também sejam assimilados como parte integrante do processo de retomada econômica é peça-chave para o melhor extrato dessa nova ordem.