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Editorial

Passo calculado

Por Da redação

06 de maio de 2020, às 10h39

Grande parte dos municípios de São Paulo aguarda ansiosamente pelo anúncio que o governador João Doria (PSDB) deverá fazer na próxima sexta-feira. A data deve marcar a retomada de atividades comerciais, restritas desde 24 de março pelo decreto da quarentena contra o novo coronavírus (Covid-19).

Durante o período de distanciamento social, diversas cidades procuraram o governo estadual para sugerir flexibilizações. Foram ações pontuais que não prosperaram, já que, por parte do Estado, não houve qualquer recuo nas medidas.

Nesta segunda-feira, porém, a fala de Doria, em coletiva de imprensa, deixou muita gente preocupada. O governador usou quase um tom de ameaça para alertar populações e prefeituras sobre a necessidade de se cumprir o índice satisfatório de isolamento social, de ao menos 50%. Na ocasião, Doria citou municípios que, no último sábado, não haviam alcançado o percentual – dentre eles, Americana e Santa Bárbara d’Oeste – e afirmou que, quem não alcançar os 50%, estará automaticamente excluído de qualquer flexibilização.

Há pouca clareza ainda nos critérios que o governo estadual usará para dizer se uma cidade pode ou não voltar a funcionar. A ameaça dos 50%, por exemplo, não faz sentido se o número não for colocado em contexto.

Na fala desta segunda-feira, Doria citou os dados de um único dia, o sábado. A medição das taxas de isolamento pelo sistema do Estado, entretanto, é diária. O percentual de distanciamento social varia durante os dias úteis e aos finais de semana. No último domingo, por exemplo, um dia antes da fala de Doria, Americana tinha 56% da população em isolamento. Se o critério for o isolamento do dia mais recente, o anúncio da sexta-feira trará percentuais abaixo dos 50% em grande parte das cidades medidas.

Não se tem dúvida da importância do isolamento, mas considerá-lo como “nota de corte” para a flexibilização não parece o mais adequado. A retomada precisa levar em conta outros aspectos relevantes, como a estrutura de saúde no município, a capacidade de testagem e a quantidade de casos. São Paulo está prestes a dar um passo crucial no combate ao coronavírus. Precisa ser bem calculado sob o risco de ter que recuar, a exemplo de outros países.

O Liberal

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