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Economia no dia a dia

O fundo do poço!

Por Marcos Dias

17 de junho de 2020, às 11h58 • Última atualização em 17 de junho de 2020, às 11h59

Alguns economistas a firmam que a situação econômica brasileira chegou ao fundo do poço no mês de maio, com quedas nas vendas do comércio, aumento dos pedidos de seguro desemprego, saldos negativos na produção de veículos, etc. O comércio, por exemplo, teve o pior tombo desde que os números dessa atividade passaram a ser acompanhados, em 2000. A redução foi de quase 17% em relação ao mês anterior!

Mas se chagamos ao fundo do poço, significa que a partir de agora subiremos à superfície! Sim, mas não tão rápido! A recuperação, segundo economistas, será lenta e pontual em alguns setores da economia, e só ocorrerá se o país não enfrentar uma segunda onda de contaminação de Covid-19, que poderá exigir a retomada do fechamento das atividades econômicas.

Em um relatório divulgado nessa terça-feira (16) pela filial brasileira da corretora de investimentos Goldman Sachs considerou que após os péssimos resultados da economia até abril, maio deverá ser o início da retomada da atividade econômica no país, com uma melhora discreta. O principal sinal apontado pelo relatório é a retomada de confiança dos consumidores, que poderá voltou às compras e poderá reerguer a demanda pelos produtos e serviços. Mesmo assim, o país poderá levar em torno de um ano para retomar a atividade econômica antes da pandemia.

Esse aquecimento do consumo é resultado da antecipação das compras, pelos consumidores, com medo do aprofundamento das restrições por conta da pandemia, e que o comportamento das compras de abril reflete uma normalização da demanda, após a alta acentuada do mês de março.  

 A flexibilização da quarentena pode até melhorar a atividade comercial, mas será o mesmo padrão de consumo anterior à pandemia. Os produtos necessários, como alimentos, roupas e medicamentos poderão ter uma alta no consumo acentuada, mas o mesmo não irá acontecer com os bens supérfluos como automóveis, alguns laticínios, perfumes, etc. Esses sofrerão mais com a recessão e terão dificuldades para recuperarem o padrão de consumo anterior.

Essa diferença no comportamento do consumo dos itens básicos e supérfluos também poderá influenciar as formas de pagamento das compras dos consumidores: no mês de maio ocorreu um aumento de 17% nos pagamentos por meio do débito em conta corrente, enquanto as compras no cartão de crédito caíram 11% no mesmo período, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (ABECS).  A diferença no comportamento das modalidades de pagamento está relacionada justamente com a natureza dos gastos das pessoas: em geral as pessoas utilizam o débito para pagamento das compras dos bens necessários, e o crédito é utilizado, em geral, para pagamentos de bens supérfluos.

Marcos Dias

Conteúdo desenvolvido pelo economista e professor de economia da Fatec (Faculdade de Tecnologia) de Americana, Marcos Dias.