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Economia no dia a dia

O fantasma da miséria

Por Marcos Dias

14 de abril de 2020, às 11h56 • Última atualização em 27 de abril de 2020, às 11h58

Um fantasma ronda o nosso dia a dia, e ameaça assombrar milhões de pessoas pelo País afora: o fantasma da miséria econômica!  O alarmismo (ou pessimismo!) dessa previsão vem de diversos pesquisadores que, ao olharem os dados e as informações, enxergaram um futuro pior do que a própria crise do novo vírus!  São previsões sobre queda de renda da população, do consumo e aumento do desemprego, etc. Enfim, uma situação de caos social! E isso independe de isolamento social.

Uma pesquisa do Instituto de Economia da Unicamp, intitulado “Emprego, trabalho e renda para garantir o direito à vida” comprova que a redução nos rendimentos do brasileiro virá com força. Os mais atingidos não serão os trabalhadores que recebem até um salário mínimo, pois esses poderão contar com auxílios dos governos. Serão os que possuem rendimentos entre R$ 5 mil e R$ 10 mil, ou seja, a classe média! Esse estudo mostra que os rendimentos dos trabalhadores dessa faixa poderão encolher em até 80%.

“Apesar de manter inalterada a renda dos trabalhadores formais que recebem um salário mínimo, todos os outros trabalhadores irão experimentar uma perda de rendimento. A perda média mensal do brasileiro no salário gira em torno de R$ 13 bilhões”, prevê o estudo.

O resultado disso é que esses trabalhadores, com a perda da renda, irão engrossar as fileiras da pobreza. A redução nos rendimentos dos trabalhadores de classe média gera uma pressão maior na base da pirâmide, e isso irá causar a redução do consumo e dificuldade da retomada da atividade econômica.

Existe solução? Estes mesmos pesquisadores apontam que a saída é os governos manterem o padrão de renda e consumo da população. Isso custaria ao governo, segundo o estudo mencionado, cerca de 0,2% de toda a riqueza produzida pelo país (PIB).

Enquanto o mundo assiste atônito à parcial vitória do vírus, os bancos centrais, do Brasil inclusive, pensam em formas de proteger o grande capital, mas dão menos atenção do que deveriam a programas de transferência de renda que possam garantir que haja mercado consumidor no futuro próximo.

Marcos Dias

Conteúdo desenvolvido pelo economista e professor de economia da Fatec (Faculdade de Tecnologia) de Americana, Marcos Dias.