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O desenvolvimento a partir do 5G

Por Vinicius Marchese

29 de setembro de 2020, às 09h46 • Última atualização em 29 de setembro de 2020, às 10h34

Quando você pensa um país desenvolvido, um país do futuro, o que você imagina? Carros autônomos, em que a participação do motorista é mínima e o risco de acidentes é quase zero? Médicos fazendo cirurgias e atendimentos à distância com precisão e segurança? Casas inteligentes, capazes de detectar e indicar vazamentos hidráulicos ou necessidades de manutenção? E se eu te contar que tudo isso está muito próximo de ser realidade no Brasil se a internet 5G for implementada com rapidez por aqui?

O mundo todo está discutindo a importância da internet 5G para a transformação digital dos países. Isso porque trata-se de uma transmissão de dados até 10 vezes superior ao que temos hoje com o 4G. Esta eficiência em conexão torna coisas, antes inimagináveis, completamente possíveis e reais.

Só que, para isso começar a tornar-se realidade, precisamos que o poder público se mobilize junto às empresas de tecnologia e tenha consciência da importância deste passo para a nossa transformação digital e, consequentemente, social. Qualquer atraso em relação à implementação do 5G pode representar um fator de exclusão econômica de nosso país.

Como isso pode acontecer? Imagine que vários países regulamentem o 5G, e o Brasil se atrase. Com o 5G em andamento, a indústria automobilística, por exemplo, passa a apostar em carros autônomos. Os países que já possuem o 5G passam a fazer acordos econômicos para impulsionar esta produção, para fabricar sensores e implantá-los nas vias, nos automóveis comuns, nos sistemas de monitoramento dos governos. Isso pode representar negociações bilionárias em que o Brasil não terá sequer a possibilidade de disputar, caso não tenha a tecnologia implementada no país.

Para se ter uma ideia do quanto o nosso futuro de desenvolvimento depende do 5G: Hoje, o Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo. O agronegócio representa mais de 21% do nosso PIB. Isso só é possível porque temos qualidade de produção, mas também um volume e um preço competitivo.

Agora imagine um cenário em que um país consegue, pela tecnologia 5G, monitorar a saúde do seu rebanho, diminuir os custos, otimizar as negociações e, inclusive, ter uma segurança sanitária maior. Se o Brasil não tiver cumprindo todos estes quesitos, vai ficar em desvantagem e, comercialmente, será excluído de uma série de negociações.

Apesar das discussões sobre esta revolução já estarem sendo feitas no Brasil, é preciso agilidade política para garantir que não fiquemos para trás. A transformação digital do 5G vai além da velocidade da internet que você usa no seu celular. Ela está atrelada a todas as cadeias produtivas do nosso país. Por isso, temos o dever de conscientizar a sociedade sobre o quão determinante a internet será para o nosso desenvolvimento econômico e social para que, no futuro, não estejamos presos ao atraso do passado.

Vinicius Marchese
Engenheiro e presidente licenciado do CREA-SP

Colaboração

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