Economia no dia a dia
O desemprego em Americana
Americana perdeu cerca de 2.900 postos de trabalho no semestre; leia a análise do professor Marcos Dias
Por Marcos Dias
30 de julho de 2020, às 08h24 • Última atualização em 30 de julho de 2020, às 09h52
Link da matéria: https://liberal.com.br/colunas-e-blogs/o-desemprego-em-americana/
Os efeitos da atual crise sanitária e consequente crise econômica têm afetado diversos setores, tanto em âmbito nacional quanto municipal. Em Americana não poderia ser diferente: estamos passando por uma crise sem precedentes e que tem afetado a produção, o comércio, os serviços (essenciais ou não) e, por conta disso, o mercado de trabalho.
Os dados do Caged (Cadastro Geral do Emprego e Desemprego), da Secretaria do Trabalho (Ministério da Economia), divulgados nesta semana têm mostrado que o desemprego se acentuou em Americana durante esse primeiro semestre, aprofundando uma situação que vinha ruim desde o ano passado.
Em 2019 o desemprego cresceu no município: em janeiro daquele ano o município possuía 71.846 trabalhadores formais (com algum tipo de contrato de trabalho), e em dezembro do mesmo ano possuía 71.580 trabalhadores. Portanto foram fechadas 266 vagas de trabalho formal no município em 2019! Provavelmente uma parte desses trabalhadores continuou desempregada, e a outra parte (maior) passou a exercer atividades informais, seguindo um a tendência do mercado de trabalho brasileiro.
Em 2020 a situação piorou muito. Esses mesmos dados mostram que em janeiro deste ano o município fechou com 7.720 trabalhadores formais, e os dados divulgados nessa semana mostram que em junho eram 68.799 trabalhadores! Ou seja, foram fechadas no município cerca de 2.900 vagas de trabalho formal somente neste semestre!
O município começou o ano com a criação de vagas, indicando a possibilidade de uma retomada do crescimento no mercado de trabalho local. Nos dois primeiros meses do ano foram criadas 752 vagas formais, sendo 140 vagas em janeiro e 612 em fevereiro. Mas em março, com o início da pandemia, a situação começou a inverter: foram fechadas 425 em março, 1.973 em abril e 1.203 em maio. Em junho a situação ficou estável, com a criação de 67 novas vagas, mas isso não indica, ainda, que a situação esteja melhorando, pois ao se analisar os dados das cidades da região e até mesmo de São Paulo como um todo, nota-se que o desemprego continua crescendo.
Dessas vagas que foram fechadas, a grande maioria diz respeito a ocupações com média e baixa qualificação, com destaque para o grande grupo ocupacional que abriga os trabalhadores do setor de serviços em geral e comércio, em particular. O setor industrial, que tem reduzido muito a participação no mercado de trabalho no município nos últimos anos, manteve a média de redução de vagas, não apresentando um grande impacto diante da crise.
Esses dados mostram, portanto, a necessidade da atuação pontual e urgente do poder público local na redução dos danos provocados pela crise sobre o mercado de trabalho no município. Esse será, aliás, um dos grandes desafios da nova gestão municipal.
Conteúdo desenvolvido pelo economista e professor de economia da Fatec (Faculdade de Tecnologia) de Americana, Marcos Dias.