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Inteligência artificial e habilidade interpessoal
Se a inteligência artificial está superando os humanos em cada vez mais tarefas, com o quê o humano inteligente precisa se preocupar realmente?
Por Fabio Fonçati
11 de dezembro de 2022, às 09h30 • Última atualização em 11 de dezembro de 2022, às 09h31
Link da matéria: https://liberal.com.br/colunas-e-blogs/inteligencia-artificial-e-habilidade-interpessoal/
Preciso da sua ajuda para imaginar uma pintura, “no estilo de Frederick Arthur Bridgmanum, de um robô perante uma multidão em uma sala de estar com luzes suaves e janelas enormes ao fundo, onde se pode ver as árvores. A perspectiva é de paisagem com distância focal grande angular”. Ela é inédita, e o descritivo acima foram os parâmetros que enviei para ela ser gerada por inteligência artificial, em 15 segundos.
![](https://liberal.com.br/wp-content/uploads/2022/12/AI_Midjourney__Divulga%C3%A7%C3%A3o-Lampejos-1.jpg)
Enquanto isso, a revista Cosmopolitan apresenta a primeira capa feita, em 20 segundos, por inteligência artificial: “distância focal de uma grande angular, de baixo para cima de uma astronauta com um corpo feminino atlético andando com esplendor em direção à câmera, em Marte, um universo infinito, estilo de arte digital synthwave”, descritivo feito pela designer Karen X Cheng.
O Google anunciou sua nova geração de ferramentas de anúncios. A novidade é a aplicação de inteligência artificial para maior eficiência de resultados e menor complexidade operacional. Recentemente, outro caso envolvendo o Google, alegava uma inteligência artificial senciente, mas a ideia aqui é seguir por outro caminho, o da velocidade da mudança.
Os recortes ilustrados acima são recentes, aconteceram no segundo trimestre desse ano e levantam, entre outras, questões relacionadas a substituições no ambiente de trabalho.
Em 2017, Yuval Noah Harari escreveu sobre o sentido da vida para um mundo sem trabalho: “A maioria dos empregos que existem hoje pode desaparecer em décadas. À medida que a inteligência artificial supera os humanos em cada vez mais tarefas, ela substituirá os humanos em mais e mais empregos. Muitas novas profissões provavelmente aparecerão: designers do mundo virtual, por exemplo. Mas essas profissões provavelmente exigirão mais criatividade e flexibilidade”.
A criatividade é irmã gêmea, se não siamesa, da flexibilidade. Ser criativo é ser flexível, é gerar possibilidades indiferente ao cenário, construir o possível nunca antes imaginado e vice-versa. Se adaptar. Máquinas não solucionam problemas com originalidade, vide os exemplos.
A escrita do desenvolvimento profissional era, até então, linear, começando na busca do conhecimento técnico, o reconhecimento pelo diploma e a boa colocação no mercado. A partir daqui temos as decisões hierárquicas, o microgerenciamento das tarefas, enfim… é aqui onde a história evolui.
Essas novas variáveis clamam por mudanças urgentes no roteiro, abrindo caminho para as habilidades interpessoais da comunicação verbal e não verbal, da objetividade, da escuta ativa, da negociação, da solução de problemas, do respeito, da autonomia e da responsabilidade. O conhecimento técnico prevalece, mas, sozinho, a máquina resolve.
São vários os experimentos, mashups conceituais e remixes de referências, até então impossíveis, se materializando num terreno onde o repertório é a chave, seguindo o processo natural da evolução.
Fabio Fonçati
Publicitário
fabio@lampejos.com.br
Assinada pelos publicitários Fabio Fonçati e João Brunelli, a coluna fala sobre as transformações da tecnologia e do comportamento humano